segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

DECISÃO DE JUIZ FEDERAL É CONTRÁRIA À POLÍTICA DE COTAS DA UFSC

Em 18 de janeiro passado, atendendo ação proposta pelo Ministério Público Federal, foi publicado no site do Tribunal Regional Federal (http://www.trf4.gov.br/) a decisão o juiz federal Gustavo Dias de Barcellos, da qual selecionei alguns trechos, colocados a seguir.
Diz o Magistrado em sua decisão: Ante o exposto, defiro a antecipação de tutela para determinar ao Magnífico Reitor da UFSC que garanta as vagas e conceda o direito de matrícula e freqüência às aulas a todos os candidatos que tenham alcançado a pontuação mínima exigida para a classificação, ignorando-se a preferência concedida pela Resolução Normativa nº 008/2007, ou seja, ignorando-se a política de ações afirmativas (cotas) implantada.
Em sua decisão, o Juiz ainda citou: A ciência contemporânea aponta de forma unânime que o ser humano não é dividido em raças, não havendo critério preciso para identificar alguém como negro ou branco.
Ainda diz o Juiz: Não existindo raças, e presente a circunstância de que no Brasil a população resulta da imigração de diversas origens e sua miscigenação, com que autoridade científica a tal “Banca de Validação da Auto-Declaração estabelecida no art. 14 da referida Resolução poderá apontar quem é negro e quem não é?
Outro detalhe que chama a atenção na decisão, é sobre a autonomia das universidades. Diz o Juiz: ... estando a autonomia administrativa da Universidade restrita ao seu próprio funcionamento, não podendo estabelecer direitos ou impor vedações de forma discricionária.
E agora ?

Se você quer mais detalhes, entre em http://www.trf4.gov.br/, na Ação Cível Pública Nº 2008.72.00.000331-6/SC.
Prof. Edson O. Ramos (Cebola)

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

POLÍTICA DE COTAS NA UFSC

Consultando o site da Universidade Federal de Santa Catarina (http://www.coperve.ufsc.br.), observa-se algo que nos faz pensar: a política de ações afirmativas implantada no último vestibular, ou seja, a implantação de cotas, é algo justo?
Claro, historicamente, percebe-se que a quantidade de alunos negros em nossas universidades públicas é percentualmente menor do que a população negra.
Claro que o ensino público – para negros, brancos, amarelos, etc. – é defasado, culpa de uma política educacional criminosa, implantada desde sempre em nosso país.
Agora o governo vem com paliativos: cotas sociais e raciais e o pró-uni.
É a história do indivíduo que está parado em um semáforo e vê uma criança maltrapilha, mendigando. Uma cena triste e cruel, que fica impregnada na retina.
O que faz o governo para acabar com isso? Simplesmente tira o semáforo. Pronto, ninguém mais vai ver a criança ali.
É a política de cotas.
Qual a diferença entre o negro pobre e o branco pobre?
Analisando os resultados, é estarrecedor.
O último classificado em odontologia (pela cota racial) obteve apenas 29,71 pontos. De 96 possíveis!
Com esse resultado, se não existisse esta política, não seria aprovado em nenhum curso do vestibular Ufsc’2008.
Em Medicina, onde a primeira colocada geral obteve 91,68 pontos de 96 possíveis, o último classificado sem a política de cotas obteve 81,04 pontos. Nas cotas de oriundos da escola pública, o primeiro classificado obteve 80,87 pontos e o último, 70,35 pontos. E nas cotas raciais, o primeiro classificado obteve 63,90 pontos e o último, apenas 44,33 pontos.
Esse último classificado em Medicina, se não existisse a política de cotas, seria aprovado apenas nos cursos de Biblioteconomia, Letras (Alemão e Português), Licenciatura em Matemática, Pedagogia e Serviço Social.
E, para finalizar: tivemos, no ano passado (2007), um aluno que cursou todo o ensino fundamental em uma escola pública do norte da Ilha e as duas séries iniciais do ensino médio em uma escola pública do centro de Florianópolis. Como o aluno era muito bom, quando foi fazer a terceira série do ensino médio, a família conseguiu um desconto de 50% nas mensalidades e ele cursou uma escola particular. Os outros 50% foram pagos (absolutamente em dia) pela família – pai, irmão mais velho e padrinho. Este aluno, que não pode ser incluído na política de cotas - não cursou todo o ensino fundamental e médio em escolas públicas - obteve mais de 80 acertos no vestibular, mas não se classificou para Medicina, sua meta.
E um outro entrou com 44,33 pontos.
É justo??

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

ORIGEM DE EXPRESSÕES ATUAIS

Quando se fala em Paris, o Palácio de Versailles faz parte de qualquer itinerário apresentado por guias ou folders da cidade-luz. Mas. você sabia que o palácio, embora suntuoso, não possui banheiros?
É que, quando da sua construção, isso era o habitual.
Na Idade Média não existiam dentifrícios ou escovas de dente, perfumes, desodorantes, muitos menos papel higiênico. Assim, as excrescências humanas eram despejadas pelas janelas do palácio.
Em dias de festa, a cozinha do palácio conseguia preparar banquete para 1.500 pessoas, sem a mínima higiene.
Vemos, nos filmes de hoje, as pessoas sendo abanadas, durante as festividades ou momentos de descanso e lazer.
A explicação não está no calor, mas no mau cheiro que exalavam por debaixo das roupas (que propositalmente eram feitas para conter o odor das partes íntimas, já que não havia higiene).
Também não havia o costume de se tomar banho, devido ao frio e à quase inexistência de água encanada. O mau cheiro era dissipado pelo abanador.
Por isso, os ricos tinham lacaios para abaná-los, para dissipar o mau cheiro que o corpo e a boca exalavam, além de, espantar moscas e outros insetos.
Quem já esteve em Versailles deve ter admirado os enormes e belos jardins que, em outros tempos, não eram só contemplados, mas "usados" como vaso sanitário nas famosas baladas promovidas pela monarquia, já que não existiam banheiros.
Na Idade Média, a maioria dos casamentos ocorria no mês de junho (para eles, o início do verão). A razão é simples: o primeiro banho do ano era tomado em maio, com a proximidade do verão e de temperaturas mais elevadas. Assim, em junho, o cheiro das pessoas ainda era tolerável. Entretanto, como alguns odores já começavam a incomodar, as noivas carregavam buquês de flores, junto ao corpo, para que, com o aroma das flores, disfarçar o mau cheiro.
Daí temos a explicação para ser maio como o "mês das noivas". E a origem do buquê de noiva.
Os banhos eram tomados numa única bacia, enorme, cheia de água quente. O chefe da família tinha o privilégio do primeiro banho na água limpa. Depois, sem trocar a água, vinham os outros homens da casa, por ordem de idade, as mulheres, também por idade e, por fim, as crianças. Os bebês eram os últimos a tomar banho.
Quando chegava a vez deles, a água da bacia já estava tão suja que era possível "perder" um bebê lá dentro.
É por isso que existe a expressão em inglês: "don't throw the baby out with the bath water", ou seja, literalmente, "não jogue fora o bebê junto com a água do banho", que hoje eles usam para brincar com indivíduos muito apressados.
O telhado das casas não tinha forro e as vigas de madeira que os sustentavam eram o melhor lugar para os animais - cães, gatos, ratos e besouros se aquecerem. Quando chovia, as goteiras forçavam os animais a pularem para o chão. Assim, a expressão "está chovendo canivete" tem o seu equivalente em inglês em "it's raining dogs and cats " (está chovendo cães e gatos).
Aqueles que tinham dinheiro possuíam pratos de estanho.
Certos tipos de alimento oxidavam o material, fazendo com que muita gente morresse envenenada. Os tomates, sendo ácidos, foram considerados durante muito tempo sendo venenosos.
Os copos de estanho eram usados para beber cerveja ou uísque. Essa combinação, às vezes, deixava o indivíduo desacordado (numa espécie de narcolepsia, induzida pela mistura da bebida alcoólica com óxido de estanho).
Alguém que o observasse poderia pensar que ele estivesse morto e, assim, recolhia-se o corpo e preparava-se o enterro.
O corpo era, então, colocado sobre a mesa da cozinha por alguns dias e a família ficava em volta, em vigília, comendo, bebendo e esperando para ver se o "morto" acordava ou não. Daí surgiu o hábito de “velar o morto”, que é a vigília junto ao caixão.
Na Inglaterra, os cemitérios eram pequenos, nem sempre havia espaço para se enterrarem todos os mortos. Então, quando alguém morria, os caixões enterradoa há mais tempo eram abertos, os ossos retirados e postos em ossários e o túmulo utilizado para outro cadáver.
Às vezes, ao abrirem os caixões, percebia-se que havia arranhões nas tampas, do lado de dentro, o que indicava que aquele morto, na verdade tinha sido enterrado vivo. Surgiu, assim, a idéia de, ao se fechar o caixão, amarrar uma tira no pulso do defunto, passá-la por um buraco feito no caixão e amarrá-la a um sino.
Após o enterro, alguém ficava de plantão ao lado do túmulo, durante uns dias.
Se o indivíduo acordasse, o movimento de seu braço faria o sino tocar. E ele seria "saved by the bell", ou "salvo pelo gongo", expressão usada por nós até os dias de hoje.
Pois é, isso são coisas dos civilizados europeus!
Texto adaptado de material que circula na Internet - autor desconhecido

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

ROCK IN RIO

Na próxima sexta feira, 11 de janeiro, completam-se vinte e três anos de um final de semana memorável: o ROCK IN RIO de minha juventude.
Em janeiro de 1985 a ditadura militar estava em seus estertores. O novo Presidente da República seria Tancredo Neves, um experiente político mineiro, ex-ministro do governo Vargas e primeiro-ministro do presidente Jango. Acabou não assumindo e, então, tivemos de suportar a tragédia do governo Sarney. Lembram-se?
Mas, em 1985, nossos cabelos ainda existiam, e eram longos. Nossas barrigas, apenas uma ameaça para o futuro.
Mas, nossos sorrisos eram os mesmos de hoje.
Será que é mesmo assim, ou é apenas como queríamos que fosse?
Certamente somos de uma geração felizes!
Claro que hoje não posso queixar-me da vida e da sorte. O Criador foi muito generoso comigo, mas em 1985, corríamos, pulávamos, dançávamos e como bebíamos! Dor nos joelhos, colesterol e triglicerídeos eram termos nada representavam.
Nossos filhos, nossos sonhos, apenas começavam, em 1985.
Claro que ainda sou jovem. Na balança da vida o prato que contém meus sonhos e aspirações ainda pesa mais do que o que contém as recordações e saudades.
Mas o tempo passou. A ditadura dos milicos se foi, com sua nefasta corja de corruptos. Porém, outros vieram.


Muitos dos meus ídolos, daqueles loucos anos, também já partiram: Raul Seixas, Freddie Mercury, Carlos Drumond de Andrade, Tom Jobim, o físico Richard Feynman, o ator Mário Lago.
Zico parou de jogar. Cazuza é apenas uma lembrança.
Mas, temos renovação. Muitos novos surgiram. Nossos filhos cresceram. Nossos relacionamentos amadureceram e frutificaram. Que bom!
Que nossos filhos sejam muito felizes nessa época maravilhosa de suas vidas, onde tudo é intempestivo, é oito ou oitenta. Que usem a juventude como uma aliada ao crescimento, à vida.
Mas, que saudade do Rock in Rio’85, o da nossa juventude!
Que saudade da minha turma, do Paulinho, do Odilon, do Fedelho, do Murilo, do Frango, do João, do Sidney, do Sérgio, do Elias, do Siqueira, da Suzete, da Cleoci, da Isa e de tantos outros.
E pensar quemuitos deles já se foram!
Que saudade de Judas Priest, AC/DC, Ozzy, Scorpions, Def Leppard, Yes, QUEEN (Freddie Mercury), James Taylor, Irom Mayden.

Edson Cebola

O IMPEDIMENTO NO FUTEBOL

No início de fevereiro de 2005, após quase dois anos, novamente ocorreu o “grande” clássico do futebol catarinense: FIGUEIRENSE x AVAÍ. Aliás, esse jogo perdeu muito de seu carisma, em função de que um time está na elite do futebol brasileiro e o outro .... Bem, mas isso não vem ao caso, já que no jogo seguinte eles nos “golearam” por 1x0, lá na naquele campo de difícil acesso e cheio de mosquitos.
Mas, voltando ao jogo onde o empate de 1 x 1 foi bastante comemorado pelos avaianos, houve um lance de gol anulado do Figueirense. Uma bola alçada na área por um jogador do Figueirense e cabeceada pelo centroavante Felipe Oliveira. Se após lançada ela ela bateu na cabeça de um atleta do próprio Figueirense (no caso, Wagner Almeida), Felipe estava em impedimento, se não bateu, o gol foi legal. O juiz, atendendo ao aceno do bandeirinha anulou o gol, o que gerou polêmica.
Os comentaristas esportivos, mesmo com os recursos da televisão, não chegaram a um consenso. Afinal, foi ou não impedimento?
No instante do lançamento, Felipe Oliveira estava na posição “A”, quando cabeceou para o gol, na posição B. Se a bola chegou a tocar em Wagner, o gol foi ilegal. Mas, como o juiz poderia saber? Se, mesmo com os recursos da televisão, não se chegou a uma conclusão, como será que o bandeirinha viu?
Em toda partida é sempre a mesma história: o árbitro e seus auxiliares marcam o impedimento e a torcida do time afetado se revolta. Se a televisão mostra o lance quadro-a-quadro e verifica-se que a infração não aconteceu, até a mãe do juiz entra na pauta.
Para o médico espanhol Francisco Maruenda, do Centro de Saúde de Alquerías, em Murcia, os árbitros de futebol e seus auxiliares não podem ser considerados culpados. Em artigo publicado no British Medical Journal (BMJ), o médico utilizou cálculos simples, baseados na fisiologia ocular, para concluir que o olho humano é incapaz de processar todas as informações necessárias para aplicar a regra impedimento.
A identificação do impedimento exige que o árbitro e seus assistentes enxerguem os últimos movimentos de cinco objetos e, ao mesmo tempo, determinem a posição de um em relação ao outro. Eles devem ter a bola como ponto fixo e, simultaneamente, ver a posição dos dois atacantes mais avançados e dos dois últimos jogadores da defesa.
Sabemos que, em média, o olho humano leva 0,041 segundos para diferenciar um sinal luminoso (imagem) de outro. É por isso que no cinema e na televisão as imagens mudam a cada 0,041 segundos, dando a quem está assistindo a sensação de continuidade.
Porém, isso é para quando se olha em uma mesma linha reta, ou seja, para um mesmo ponto fixo. Não é o caso do árbitro e seus auxiliares.
Para apontar a infração, o juiz precisa, no mínimo, enxergar o jogador que conduz a bola, identificar o atacante mais adiantado que irá receber o passe e o penúltimo defensor. Isso demora, no mínimo, 0,420 segundos (o tempo decorrido entre a percepção de uma imagem e outra, quando se muda a posição do objeto focado, é entre 0,210 a 0,280 segundos).
O problema é que, nesse intervalo de tempo, muitas mudanças podem acontecer. Um jogador de futebol corre em média 100 metros em 14 segundos, ou 3 metros em 0,20 segundos, o suficiente para comprometer o julgamento do árbitro.
Assim, era humanamente impossível para o árbitro, e muito menos para o seu auxiliar, que estava mais distante, detectar se o gol de Felipe Oliveira foi ou não em impedimento.
Quando a norma do impedimento surgiu, em 1886, não se conhecia nada de fisiologia ocular. As primeiras informações sobre isso datam de 1903.
O médico Maruenda enviou suas conclusões para a Fifa (Federação Internacional das Associações de Futebol) e sugeriu que o impedimento seja banido ou que se passe a usar o vídeo para detectá-lo. "O uso da tecnologia moderna - como o congelamento de imagens e a análise quadro-a-quadro - é recomendável para limitar os erros", conclui em seu artigo, publicado na edição de 18 de dezembro de 2004 da BMJ.
Talvez, com o fim da regra do impedimento, possamos ter arbitragens mais competentes em jogos de futebol. E isso não se refere apenas ao campeonato catarinense. Todos devem ainda estar lembrados das últimas Copas do Mundo, em 2002 e 2006, onde os erros de arbitragens foram absurdamente comprometedores em algumas partidas.


PAULISTAS EM FLORIANÓPOLIS – HISTÓRIA ANTIGA!

Dia 23 março de 2008, Florianópolis comemora seu 282º aniversário de emancipação política, quando o povoado foi desmembrado de Laguna e elevado à categoria de vila (Nossa Senhora do Desterro - 23 de março de 1726).

Localizada na Ilha de Santa Catarina e também ocupando uma parte continental, nossa cidade desenvolveu-se bastante nesses últimos anos mas, felizmente, ainda possui muito da terrinha dos manezinhos, que muitos cantam e a todos encanta.

Quem "batizou" nossa ilha como "Ilha de Santa Catarina" foi o italiano Sebastião Cabotto, que após servir aos reis de Espanha foi trabalhar para os ingleses. Foi o "descobridor" da América do Norte em 1497 e, segundo mapas feitos por Juan Dias de Solis, em 1519 deu o nome de "Ilha de Santa Catarina" a então denominada Mei-em-bipe (Ilha dos Patos, no idioma dos carijós).
Coube a um bandeirante paulista, Francisco Dias Velho, a honra de ser o fundador de nossa bela cidade. Dias Velho foi um dos pioneiros da colonização da Ilha de Santa Catarina e suas lutas contra os invasores, bem como sua morte épica, ficaram marcadas na história de nossa terra.
Dias Velho chegou à ilha em 1675, para fundar o povoado e impulsionar o surgimento da cidade que viria se chamar Desterro. Segundo alguns historiadores, o desbravador, com fama de sanguinário, veio acompanhado da esposa, cinco filhos (três mulheres e dois homens), dois padres da Companhia de Jesus (jesuítas) e centenas de índios “domesticados”. Com isso, iniciou a ocupação e exploração da terra quase virgem.
Na época, o vasto território, separado do resto do país por uma baía, era habitado basicamente por índios Tupi-Guarani. O bandeirante veio ocupá-lo de olho nos lucros que poderiam advir da escravidão dos índios e da exploração de pedras preciosas. Por este motivo, a ilha também era alvo de ataques de piratas de várias nacionalidades.
Em 1687, um navio pirata proveniente do Peru atracou em Canasvieiras com um carregamento de prata. Dias Velho não só expulsou os invasores, como também ficou com a carga. Um ano depois, a vingança: o comandante do navio, Robert Lewis, voltou, invadiu a casa do colonizador, violentou suas três filhas, retomou sua prata e matou velho bandeirante. A família de Dias Velho concluiu a construção de uma capela - onde hoje está erguida nossa Catedral Metropolitana - e voltou para São Paulo.
Dias Velho é considerado o fundador de nossa cidade.

Após a morte de Dias Velho, intensificou-se o fluxo de exploradores paulistas para o sul do Brasil, que ocuparam vários pontos do litoral. Em 1726, o povoado de Nossa Senhora do Desterro é elevado à categoria de vila, a partir de seu desmembramento de Laguna.

A Ilha de Santa Catarina, por sua posição estratégica, passou a ser ocupada militarmente a partir de 1737, quando começam a ser erigidas as fortalezas necessárias à defesa do seu território. Esse fato resultou num importante passo na ocupação de nossa futura capital.
Com a ocupação, prosperaram a agricultura e a indústria manufatureira de algodão e linho, permanecendo, ainda hoje, resquícios desse passado, no que se refere à confecção artesanal da farinha de mandioca e das rendas de bilro.
A partir da metade do século XVIII, verifica-se a implantação das denominadas armações para pesca da baleia, em Armação da Piedade – hoje no município de Governador Celso Ramos e Armação do Pântano do Sul, na Ilha de Santa Catarina. O óleo de baleia constituía-se em importante produto que era comercializado pela Coroa fora de Santa Catarina, não trazendo benefício econômico à região.

Em 1823, a Vila de Nossa Senhora do Desterro foi elevada à categoria de cidade e tornou-se capital da Província de Santa Catarina.
Esse fato resultou em período de grande desenvolvimento para a região. Projetou-se a melhoria do porto já existente, a construção de edifícios públicos e outras obras urbanas. A modernização política e a organização de atividades culturais também se destacaram, marcando inclusive os preparativos para a recepção ao Imperador D. Pedro II, que aqui esteve em 1845. Em outubro desse ano, ancorada a embarcação imperial nos arredores da ilha, D. Pedro permaneceu em solo catarinense por quase um mês.

Quanto ao nome atual, Florianópolis, foi fruto de tentativas de se agradar ao governo federal, quando da Revolução Federalista de 1893. O sanguinário interventor Moreira Cesar fazia e acontecia, trucidando nossa elite intelectual. Numa tentativa (frustrada) de se evitar uma série de fuzilamentos (na fortaleza de Anhatomirim), onde morreram vários ilustres conterrâneos, o governo estadual tentou negociar mudando o nome da cidade, então Nossa Senhora do Desterro, para Florianópolis. Era uma "homenagem" ao ditador Floriano Peixoto, que nada tem a ver com nossa terra e nossa gente. Mais justo e coerente seria homenagear Dias Velho!

Em 1979, o Presidente da República, João Figueiredo, quando em visita a nossa cidade, "presenteou-nos" com um busto de Floriano Peixoto.
O que ocorreu a seguir já virou história. O busto foi arrancado do pedestal (na praça XV de novembro) e arrastado em praça pública por estudantes e populares, sob olhares perplexos dos militares e governantes da época.
O dia deste acontecimento foi 30 de novembro de 1979, e se constituiu em parte do que ficou na história como a "Novembrada de Florianópolis". Mas isto já é outra história.
Em agosto de 2001 foi inaugurado o Elevado Dias Velho, próximo à cabeceira insular das pontes Pedro Ivo e Colombo Sales, na entrada da Ilha de Santa Catarina.
É mais uma obra que vem facilitar a vida dos florianopolitanos e daqueles que nos visitam. E uma homenagem ao pioneiro Dias Velho.
Ainda em relação ao nome atual de nossa cidade, Florianópolis, recuso-me a creditá-lo de acordo com sua origem etmológia: cidade de Floriano. Prefiro que se diga que FLORIANÓPOLIS é simplesmente: CIDADE DAS FLORES.
Pois é, esta história de paulistas vindo para nossa terra já é algo antigo!

Autor: Prof. Edson Osni Ramos (Cebola)

ACIDENTE DA TRANSBRASIL

O sábado, 12 de abril de 1980, foi um dia nublado que se transformou em uma noite chuvosa. Estávamos em Pinheiral, município de Major Gercino, na casa que o Colégio Catarinense lá mantém até hoje, com um grupo de alunos do ensino médio do referido colégio.
Naquela época, em Pinheiral não havia telefone. Também não tínhamos aparelho de televisão na casa, assim, realmente estávamos em “outro mundo”, participando de uma atividade pedagógica muito especial.

À noite, após atividades apenas dentro de casa, pois não havia ginásio de esportes nem outro ambiente que permitisse atividades com aproximadamente 40 alunos fora da mesma, fizemos a nossa “reunião da noite” e ficamos conversando. Brincando, cantando, tocando violão. Éramos senhores de nosso tempo.

Na ocasião, eu era o coordenador da atividade, como professor do Colégio Catarinense. Tinha recém completado 23 anos. Conosco estava um ser maravilhoso, o amigo Padre Guido Sthäl, jesuíta, na época com quase 50 anos. Os alunos e alunas tinham idades entre 14 anos e 19 anos, portanto éramos um grupo bastante jovem, com a presença de vários adolescentes.
No dia seguinte, domingo, pela manhã tivemos uma das atividades mais esperadas pelos alunos: uma partida de futebol contra o time de moradores de Pinheiral. Durante o jogo começaram alguns cochichos, com pessoas de Pinheiral falando que tinha acontecido um acidente em Florianópolis. Ao tentar inteirar-me do ocorrido, descobri que alguns dos sobre-nomes das pessoas acidentadas eram de alunos que lá estavam.

Fogo na mata indicava o local da queda do aviãoE agora?
Na volta, todos já sabiam que um avião tinha caído em nossa capital, mas não imaginávamos a tragédia ocorrida. Apenas ao chegarmos ao colégio, em torno das 19 horas, é que descobrimos a intensidade do acontecido.

Na noite anterior, sábado, 12 de abril de 1980, um avião da Transbrasil, cujo vôo tinha começado em Belém e depois veio fazendo escalas em muitas outras capitais, com cinqüenta passageiros e oito tripulantes, havia colidido com o “Morro da Virgínia”, em Ratones, no interior da Ilha.
Segundo consta, o avião havia sobrevoado o aeroporto, preparando-se para aterrissar, quando foi solicitado que fizesse mais uma volta e aterrissasse após alguns minutos.
Trágicos minutos!

Como era uma noite de sábado, muitos parentes e amigos tinham ido ao aeroporto esperar os que vinham naquele vôo. Assim, quando o avião foi fazer mais uma volta e não retornou, o desespero foi grande.

Dois minutos antes da queda o comandante da aeronave entrou em contato com a torre do aeroporto, e nenhuma informação sobre condições ruins da aeronave foram passadas. Supõe-se que, no instante da colisão, o avião estivesse com velocidade de 600 km/h. Se sua altura fosse 80 metros mais do que era, certamente teria passado sobre o morro e nada teria ocorrido.
Alguns instantes após a torre perder o contato, via radar, com a aeronave, o Comando de Busca Salvamento da Base Aérea de Florianópolis foi acionado. Um helicóptero foi enviado para a região e logo localizou o clarão na mata no alto do morro, indicando que acontecera o pior.

Mas, quando algumas horas depois as equipes de salvamento chegaram ao local, mesmo os mais pessimistas se surpreenderam com a tragédia.

Apenas quatro pessoas sobreviveram ao acidente. E uma delas veio a falecer, dias depois, no Rio de Janeiro. Noventa por cento dos passageiros do vôo eram de Florianópolis. Ou era aqui seu destino, naquela noite.

Um pedaço do avião – apenas na manhã seguinte foi possível ver a dimensão da tragédia.Quando a lista de passageiros foi divulgada é que se dimensionou a tragédia.
Médicos, engenheiros, advogados, professores, líderes sindicais, juízes, comerciantes e pessoas da sociedade constavam da relação.

Muitas pessoas tentaram subir o morro para prestar ajuda, para levar cobertores para os sobreviventes, que se esperava fossem vários. Parentes desesperados, amigos e curiosos, enfrentaram a noite e o lamaçal, mas apenas uns poucos chegaram ao local do acidente, onde encontraram vivos o casal Cleber e Marlene Moreira, que não eram de Florianópolis e que perderam o filho no acidente, Flávio Barreto e a médica Denise Moritz Pereira, que morreu dias depois.

Domingo: a cidade enterrando seus mortosOs outros se foram. Quando, no domingo, os corpos identificados (a maioria dos corpos estava carbonizada e muito mutilados) começou a sair do instituto médico legal para o sepultamento, a cidade parou. E chorou!
Nós, professores, perdemos vários colegas, como o professor de Matemática da UFSC, Walter Castelan, e o colega Rômulo Coutinho de Azevedo, médico e Professor de História (e que professor!) do Curso Barriga Verde – pré-vestibular.

De quando em quando me pergunto: e se o avião estivesse 80 metros mais alto? E se o acidente não tivesse ocorrido?

Até hoje muitas histórias desse acidente não foram explicadas. Foi falha humana realmente? Dizem que não era o comandante que estava pilotando aeronave. Será?!

Tem ainda a história de uma maleta com jóias, que um joalheiro aqui estabelecido trazia de São Paulo, que depois sumiu. Ela foi achada?

Mas isso não importa nada para quem perdeu algum ente querido naquele acidente.

Autor: Edson Osni Ramos (Cebola)
Fonte: O Estado, edição de 14 de abril de 1980