terça-feira, 13 de janeiro de 2009

ECOS DO VESTIBULAR

ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "NOTÍCIAS DO DIA"
Florianópolis, 11 de janeiro de 2009.
Autor: Edson Osni Ramos (Cebola),professor de física
do Curso Pascal e do Curso Energia, em Florianópolis.
Mais um vestibular foi realizado na Universidade Federal de Santa Catarina. E, mais uma vez, muitos vestibulandos e famílias, mais os amigos, vibraram e sorriram, enquanto outros ficaram tristes e choraram. A injustiça do processo está cada vez mais acentuada.
Em 1974, em Santa Catarina eram oferecidas 100 vagas para o curso de medicina (em universidade pública), mesmo número oferecido no Paraná e no Rio Grande do Sul. Hoje, são oferecidas 420 vagas no Paraná e 485 no Rio Grande do Sul. Em Santa Catarina, continuam as mesmas 100 vagas.
Culpa de quem? Da sociedade civil organizada, ou seja, nós, que elegemos e aceitamos o mundo político que nos governa.
E agora, com o surgimento dos chamados mecanismos de inserção, as cotas de ingresso às universidades públicas (sociais e raciais), mais difícil tornou-se o processo para os que não fazem jus às mesmas.
Já se discutiu bastante sobre os aspectos legais e morais das cotas. Que alguma coisa deveria ser feita para compensar os desmandos no sistema público educacional, é fato inconteste. Mas, já que se implantaram as cotas, por que não aumentar as vagas nas instituições. Em todos os cursos, evidentemente!
Neste último ano, a UFSC está de parabéns. Vários cursos foram implantados (e muitos outros ainda serão, com a interiorização da instituição com os campi de Araranguá, Curitibanos e Joinville). E, em muitos cursos, o número de vagas oferecidas foi aumentado, embora ainda inferior àqueles retirados da classificação geral e oferecidos aos cotistas.
Mas, em medicina a coisa ainda continua a mesma.
Tive uma aluna nesse último ano, brilhante e esforçada, que se ficou em 93º lugar em medicina e 134ª na classificação geral.
Apesar de todo o esforço, dela em estudar e se preparar para as provas e da família, em obter os recursos necessários para proporcionar um ensino de qualidade (em escola privada), ela não foi classificada, embora o número de pontos obtidos seja maior do que o de vários cotistas classificados - no vestibular de 2008, nenhum dos cotistas classificados em medicina conseguiria ingressar na UFSC se não existisse o mecanismo das cotas, neste ano a pontuação ainda não foi divulgada.
Cruel, não?!
E vejam: a UFSC, durante a solenidade de divulgação dos resultados do concurso vestibular, em 30 de dezembro último, apresentou os nomes dos três melhores alunos cotistas. Nenhum de nosso Estado – todos completaram o ensino médio em São Paulo. E apenas um deles esteve presente na solenidade.
Era uma aluna que, embora tenha completado o ensino médio em São Paulo, veio preparar-se para o vestibular em Santa Catarina, tendo aqui estudado em um dos nossos cursos pré-vestibular. Tendo, inclusive, comparecido à premiação com a camiseta do curso.
Irônico, não?!