segunda-feira, 23 de março de 2009

FARRA DO BOI

FARRA DO BOI
Edson O. Ramos (Cebola)

Com tanta coisa ocorrendo e todo ano, quando chega esta época, é a mesma coisa!
Os problemas relacionados à falta de segurança e de perspectivas para muitos, com a pobreza disseminada e a corrupção em todos os níveis da sociedade, são deixados de lado. E as pessoas ficam falando e escrevendo em relação à farra do boi!Lembro que desde pequeno ouvia os adultos conversando sobre a tal farra. Quando adolescente e quando jovem, muitas vezes fui ver. Achei "o fim da picada", um monte de marmanjos atazanando e correndo do boi.Não havia policiamento, nem divulgação. E, certamente, MUITO MENOS VIOLÊNCIA!Então vieram pessoas, a maioria de outras regiões (migrantes), que se imiscuíram em temas sobre os quais nada entendiam e começou-se a criticar o boi-de-mamão, o pau-de-fita, o pão-por-Deus, os ternos-de-reis, a farra do boi, etc.
Aliás, que saudade dos ternos-de-reis de minha infância!
Os jovens de hoje nem sabe o que é isso.Quando vejo professores fazendo apologia ao halowen, fomentando uma cultura que nada tem a ver conosco, incentivando crianças a se caracterizarem e, pior, com as direções das escolas achando bonito e estimulando, fico a pensar: será isso a tal globalização? Ou será apenas a mediocridade de idéias vencendo?Há três anos fui convidado para assistir a uma farra do boi, em uma comunidade próxima. Fiquei horrorizado!Não tem mais nada relacionado com minhas lembranças de jovem.Claro que haviam muitos manezinhos autênticos participando, mas também muitos bêbados e drogados, que nada tem a ver com o evento, metidos no meio, estimulando a violência gratuita. Então chegou a polícia.Completou-se o festival de insanidade, que acabou com dois tiros e o boi abatido.Com eles, um metido arrogante, que também nada tinha a fazer, criticando a tudo e a todos, chamando as pessoas de "ignorantes e bárbaros". Evidentemente estava escoltado pela polícia.Pelo sotaque, ficava claro que não era daqui.Os velhos do local, que haviam me convidado, estavam tristes e irritados. Disseram que os que estavam perturbando não eram da comunidade. Disseram que eles costumam vir e atrapalhar. Fácil de entender, com toda a divulgação que a mídia faz!Não gosto da farra do boi. Como não gosto dos tais rodeios (Barretos, etc). Como não gosto das touradas - já vi uma, e torci para o touro!Mas acho que quanto menos a mídia se intrometer, o poder público usar e abusar das "leis dos politicamente corretos”, pior os fatos. Por que não tentam acabar com as corridas de touros ou os rodeios? Lá o poder econômico fala mais alto.Tempos atrás, o Fernando Gabeira e a (atriz) Lucélia Santos aqui apareceram. E com todo o respaldo da mídia, disseram barbaridades. Também, certa feita, fui assistir (no clube Doze) a um show da Rita Lee, acompanhada apenas de um violão. Ficou a metade do “espetáculo” falando mal da farra do boi. Coitada, deve ter muitos problemas, realmente!Por que esses indivíduos não colocam toda sua importância, como formadores de opinião, manifestando-se contrários à prostituição infantil, ao tráfico de drogas - seria cômico! - ou à violência doméstica, etc.Talvez porque se assim fosse, não ganhariam o espaço na mídia pelo qual tanto anseiam.Respeito a quem pensa diferente, mas vamos nos preocupar com fatos mais relevantes para a sociedade, como o uso indevido de nossos mananciais de água, do absurdo que é se usar água tratada para lavar carros em lava-rápidos ou similares, com o aterramento de mangues e pequenas enseadas - como querem fazer agora, com a complementação da beira-mar de São José, aqui na Grande Florianópolis.Se deixarem os tais farristas de lado, com a polícia vigiando os bêbados e abobados que ficam correndo atrás dos bois, impedindo os abusos, logo essa prática diminui e fica restrita apenas aos locais de origem.
Se repressão fosse a solução, será que ainda teríamos tráfico de drogas?Estou achando ótima a matéria que vi hoje, 23/03/09, na televisão: dois bois que foram apreendidos pela polícia, que iriam para uma farra (segundo os policiais), foram levados para um frigorífico em São José, onde serão (amanhã) abatidos. E se tornarão bifes, também para os politicamente corretos que criticam os farristas.Interessante, não!?!Tenho muitos animais, plantei e planto muitas árvores, crio gado (não vendo para farristas!), preservo a natureza, preservo as nascentes e os mananciais de água que ficam em minhas terras, preservo várias espécies vegetais que estão correndo risco (como a corticeira - tenho umas trinta árvores), o pau-brasil (tenho cinco árvores), a imbuia, o ipê e outras. Já plantei pelo menos mil araucárias em diversos pontos de minhas terras, que por lá ficarão, dando sombra e pinhão.Creio que devemos nos preocupar com coisas mais úteis do que a farra do boi.

domingo, 15 de março de 2009

CAMÕES E O VESTIBULAR

CAMÕES E O VESTIBULAR

Não posso atestar a veracidade, mas recebi via e-mail.
Mesmo que não seja verdadeiro, vale pela originalidade.

"O vestibular da Universidade Federal da Bahia cobrou dos candidatos a interpretação do seguinte trecho de poema de Luiz de Camões:

'Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói e não se sente,
é um contentamento descontente,
dor que desatina sem doer '.

Uma vestibulanda de 17 anos deu a sua interpretação :

'Ah, Camões!, se vivesses hoje em dia,
tomavas uns antipiréticos,
uns quantos analgésicos e Prozac para a depressão.
Compravas um computador, consultavas a Internet
e descobririas que essas dores que sentias,
esses calores que te abrasavam,
essas mudanças de humor repentinas,
esses desatinos sem nexo,
não eram feridas de amor,
mas somente falta de sexo!'

A Vestibulanda ganhou nota DEZ, pela originalidade, pela estruturação dos versos, e das rimas insinuantes.
Foi a primeira vez que, ao longo de mais de 500 anos, alguém desconfiou que o problema de Camões era apenas falta de mulher."

domingo, 8 de março de 2009

DIA INTERNACIONAL DA MULHER - 8 DE MARÇO

DIA INTERNACIONAL DA MULHER

Comemorado no mundo inteiro, 8 de março é o Dia Internacional da Mulher. A data foi instituída em memória de um grupo de operárias norte-americanas mortas em 1857, durante uma greve, em um incêndio criminoso na fábrica em que trabalhavam.
Parabéns as todas, pois!!


Em homenagem a elas, uma rosa e um poema de Vinícius de Moraes.



SONETO DE FIDELIDADE

De tudo, ao meu amor serei atento

Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto

Que mesmo em face do maior encanto

Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento

E em seu louvor hei de espalhar meu canto

E rir meu riso e derramar meu pranto

Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure

Quem sabe a morte, angústia de quem vive;

Quem sabe a solidão, fim de quem ama,
Eu possa me dizer do amor (que tive):

Que não seja imortal, posto que é chama,

Mas que seja infinito enquanto dure!

Foto: Edson Ramos