domingo, 25 de abril de 2010

LOUÇAS DE BARRO: UM FENÔMENO FÍSICO

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LOUÇAS DE BARRO:
UM FENÔMENO FÍSICO
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Anos atrás, no vizinho município de São José, existiam várias "olarias" que fabricavam louças de barro. Hoje essas peças artesanais não mais executam sua função doméstica, sendo procuradas apenas por turistas como peças meramente decorativas . É mais uma de nossas tradições que se esvai no tempo, principalmente pela falta de apoio e estímulo aos que a praticam. Pois bem, entre as louças de uso corriqueiro existe uma peça chamada moringa ou bilha.

Trata-se de uma peça de formato arredondado, com uma tampa, cujo objetivo é armazenar água e deixá-la sempre "fresquinha", agradável ao consumo humano. Quando criança, aprendi com os mais velhos que nos quentes dias de verão a água no interior da moringa ficava mais "fresquinha" do que a que estava no ambiente. Não conseguia ver lógica, mas era um fato incontestável. Era só beber! Já adulto, descobri no meio acadêmico que nos recipientes de barro a água se mantém abaixo da temperatura ambiente porque as gotículas de água atravessam as paredes, que são porosas, e evaporam-se ao atingir a superfície externa (quando entram em contato com o ar), absorvendo calor do recipiente. Como a evaporação ocorre em grande quantidade, a temperatura do líquido se estabiliza a uma temperatura menor do que a do ambiente, ou seja, a temperatura da água contida na moringa somente se estabiliza após perder uma razoável quantidade de calor para o meio externo. Nos frascos de vidro a evaporação não ocorre através das paredes, pois essas não são porosas, ocorrendo apenas na superfície superior que está em contato com o ar. Assim essa evaporação ocorre em menor escala do que no frasco de barro, de tal forma que o calor que o líquido retira do frasco durante o processo é compensado com o que ele ganha do meio, fazendo a temperatura do líquido ficar igual ao do ambiente.
Ainda consigo sentir o gostinho da água das moringas de minha infância!
Que saudade!

Foto 1: Guilherme Sada Ramos, meu filho, professor de matemática, "tentando" manter a tradição das louças de barro.
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Foto 2: Osni Albino Ramos (1927 - 1984), meu pai, oleiro por profissão, apresentando seu trabalho na FAINCO, Feira da Industria e Comércio de Santa Catarina, em 1969, na UFSC.
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Foto 3: Gilberto João Machado, administrador aposentado e folclorista, que na juventude trabalhou como oleiro, um gigante na preservação de nossa cultura e tradições, fazendo com perfeição uma "moringa", na pequena olaria que montou em sua casa de praia, na Praia do Sonho, em Palhoça, SC.
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domingo, 18 de abril de 2010

NEREU RAMOS


NEREU RAMOS
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Autor: Edson Osni Ramos (Cebola)
Neste ano de 2010, teremos eleições. Vamos eleger nova Assembléia Legislativa, nova Câmara dos Deputados, renovar dois terços do Senado Federal e eleger novo Presidente da República.
Quem acompanha a situação política em nosso país, percebe o descrédito que esta classe tem junto à população. Claro que nem todo político é corrupto ou bandido, o problema é que existe uma razoável quantidade de políticos que se enquandram nesses perfis, que denigre toda a classe. Creio que estão em falta representantes do povo, na acepção do termo, que lutem por ideais e procurem melhorar a qualidade de vida da população.
Ainda existem pessoas assim, claro, caso contrário estaríamos realmente perdidos.
Santa Catarina já teve grandes homens públicos, dos quais precisamos sempre recordar. Para que apareçam outros seguindo suas idéias.
Já tivemos até um Presidente da República!
Há cinqüenta e cinco anos, um catarinense, Nereu de Oliveira Ramos, assumiu o cargo de Presidente da República em nosso país. Fato que se torna mais notável por ser, até agora, o único catarinense imbuído de tal cargo.
Nereu de Oliveira Ramos nasceu em Lajes, em 3 de setembro de 1888, filho de Vidal José de Oliveira Ramos e de Teresa Fiúza Ramos. Em 1909, formou-se em Direito, no Rio de Janeiro. Em 1911 iniciou sua participação no jornalismo e na política. Em 1921, fundou o jornal A República e foi um dos organizadores, em nosso Estado, da Reação Republicana, movimento de apoio à candidatura de Nilo Peçanha para as eleições presidenciais de março do ano seguinte, vencidas por Artur Bernardes.
Foi deputado estadual (1911 - 1912; 1919 - 1921), fundador e primeiro presidente (1927 -1932) do Partido Liberal Catarinense (PLC). Elegeu-se deputado federal pelo PLC em 1930, mas teve seu mandato cassado em virtude da revolução e do fechamento do Congresso.
Deputado integrante da Assembléia Nacional Constituinte de 1934, foi eleito indiretamente governador de Santa Catarina (1935 -1937). Com o golpe de 1937, foi nomeado interventor federal em nosso Estado, cargo que ocupou até o fim do Estado Novo, em 1945. Nesse mesmo ano, foi um dos fundadores do Partido Social Democrático (PSD) em Santa Catarina, legenda na qual se elegeu senador constituinte.
Findos os trabalhos da Assembléia Nacional Constituinte, em 19 de setembro de 1946 foi eleito indiretamente vice-presidente da República (1946 -1951). Foi presidente do PSD (1947 -1949), deputado federal por essa legenda e presidente da Câmara dos Deputados (1951 -1955).
Na nova legislatura, iniciada em 1º de fevereiro de 1955, foi eleito vice-presidente do Senado.
Realizadas as eleições, em 3 de outubro de 1955, Juscelino Kubitschek e João Goulart foram eleitos presidente e vice-presidente da República. Logo após a proclamação dos resultados, teve início uma crise política de âmbito nacional, pois a União Democrática Nacional (UDN) deflagrou uma campanha contra a posse dos eleitos, sob a alegação de que não haviam obtido a maioria absoluta dos votos. Dois dias depois, um distúrbio cardíaco forçou a internação hospitalar do presidente Café Filho (que substituíra Getúlio Vargas) e, em 8 de novembro, o presidente da Câmara dos Deputados, Carlos Luz, assumiu interinamente como presidente.
As posições polêmicas de Carlos Luz, apoiando as pretensões da UDN, levaram-no imediatamente à deposição. Assim, em 11 de novembro de 1955, assumiu a presidência da República, pois, como vice-presidente do Senado, era o seguinte na linha sucessória. Em 22 de novembro, com o afastamento definitivo de Café Filho, a Câmara dos Deputados confirmou Nereu Ramos como presidente da República até a posse de Juscelino Kubitschek, que ocorreu em 31 de janeiro de 1956.
No governo de JK, Nereu Ramos foi nomeado ministro da Justiça e Negócios Interiores, cargo do qual exonerou-se em 1957, quando retornou ao Senado.

Nereu Ramos, em 1932, foi um dos fundadores da Faculdade de Direito de Santa Catarina, onde lecionou direito constitucional e teoria do estado.
Foi casado com Beatriz Pederneiras Ramos, com quem teve quatro filhos.
No dia 16 de junho de 1958, em pleno exercício do mandato de Senador da República, faleceu em desastre aéreo ocorrido próximo a Curitiba, no Paraná, juntamente com o então Governador do Estado de Santa Catarina, Jorge Lacerda, e o Deputado Federal Leoberto Leal, que era cotado como o principal candidato a suceder o governador Lacerda.


Foto de família: o primeiro a esquerda, em pé, é Nereu Ramos, Governador de Santa Catarina entre 1935 de 1937 e Interventor de 1937 a 1945; no centro (de bigode) Vidal Ramos Júnior (pai de Nereu), Governador de Santa Catarina de 1902 a 1906 e de 1910 a 1914; o terceiro em pé, da direita para a esquerda, é Celso Ramos (irmão de Nereu), Governador de Santa Catarina de 1961 a 1966 e o primeiro à direita, na fila das crianças, é Aderbal Ramos da Silva (sobrinho de Nereu), Governador de Santa Catarina de 1947 a 1951.
Além deles, Aristiliano Ramos (primo de Nereu), foi Interventor de 1933 a 1934.

Fontes:

http://www.portalbrasil.net/politica_presidentes_nereuramos

http://www.casamilitar.sc.gov.br/exgov.htm.

TANCREDO, L.H. Doutor Deba: Poder e Generosidade, editora Insular, Florianópolis, 1998.

domingo, 11 de abril de 2010

ACIDENTE DA TRANSBRASIL

ACIDENTE DA TRANSBRASIL
TRINTA ANOS DEPOIS
Amanhã, 12 de abril, completam-se trinta anos de uma tragédia que fez Florianópolis parar: o acidente do avião da Transbrasil no Morro da Virgínia, em Ratones, no interior da Ilha de Santa Catarina (distante apenas oito quilómetros do aeroporto).
Florianópolis ainda era uma província, onde praticamente todos se conheciam, e poucas foram as pessoas que não tinham algum parente, amigo ou conhecido entre os mortos no acidente.
Foi em uma noite de sábado e eu não estava em Florianópolis. Estava em Pinheiral, município de Major Gercino, no interior do Estado, na casa de atividades do Colégio Catarinense, com uma turma de quase cinquenta alunos.
Lembro bem da volta, quando chegamos e tivemos de preparar os alunos para a notícia. Afinal, já sabia, vários haviam perdido parentes e amigos.
Tempos atrás postei neste mesmo espaço uma matéria sobre o acidente. O que mais me impressionou foram os comentários sobre ela.
Se você quiser saber mais, por favor entre em:
E não deixe de ler os comentários!
São depoimentos que emocionam!!!
Abraço
Prof. Cebola

sexta-feira, 9 de abril de 2010

VESTIBULAR ACAFE VERÃO 2009


VESTIBULAR ACAFE VERÃO 2009


A ACAFE abre as inscrições do seu Vestibular de Inverno 2010 na próxima segunda-feira, dia 12 de abril.
As inscrições devem ser feitas pelo site www.acafe.org.br até o dia 17 de maio de 2010, e a taxa de inscrição é de R$ 58,00.
A prova objetiva, com 60 questões e 1 redação, será realizada no dia 13 de junho de 2010, no horário das 13h às 18h, em 14 cidades de Santa Catarina (Araranguá; Blumenau; Canoinhas; Concórdia; Criciúma; Florianópolis; Itajaí; Joaçaba; Joinville; Lages; Palhoça; São Miguel do Oeste; Tubarão; e Xanxerê), e nas cidades de Curitiba e Porto Alegre.

Neste concurso estão sendo oferecidas 5.574 vagas em 185 cursos oferecidos pelas 8 instituições participantes:

FURB – Universidade Regional de Blumenau;
UnC – Universidade do Contestado;
UNESC – Universidade do Extremo Sul Catarinense;
UNIPLAC – Universidade do Planalto Catarinense;
UNISUL – Universidade do Sul de Santa Catarina;
UNIVALI – Universidade do Vale do Itajaí;
UNIVILLE – Universidade da Região de Joinville;
UNOESC – Universidade do Oeste de Santa Catarina; e

As Instituições do sistema ACAFE oferecem programas de bolsa de estudo e financiamento. Informações diretamente nas instituições.

O resultado do concurso está previsto para dia 22 de junho de 2010.

Obras indicadas para o Vestibular de Inverno 2010.
Obra / autor / editora
A Vitrina de Luzbel /Aulo Sanford de Vasconcellos / Insular
Eles Não Usam Blacktie /Gian Francesco Guarnieri /Record
O Homem Que Calculava /Malba Tahan /Record
O Presidente Negro /Monteiro Lobato /Globo
Treze Cascaes /Adolfo Boss e outros /Fund. Franklin Cascaes

Mais informações junto à Coordenação de Concursos ACAFE: 48 32246478 ou 84058167.

Lucinara Bonadimann Marin
Coordenadora de Concursos
Sistema ACAFE

TEM MOMENTOS EM QUE NÃO SE CONSEGUE FICAR QUIETO - 3

TEM MOMENTOS EM QUE NÃO
SE CONSEGUE FICAR QUIETO - 3

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É, tem momentos me que a gente não consegue ficar quieto!
Já escrevi sobre isso antes, mas, novamente e com grande alarde da mídia, iniciou-se em nosso Estado de Santa Catarina mais uma campanha contra o uso de drogas, especificamente o crack.
Uma bela iniciativa, que conta com os aplausos de toda sociedade civil organizada.
Todos os canais de televisão, jornais e mídia em geral, principalmente em páginas e programas policiais, mostram como foi banalizado o consumo de drogas (lícitas e ilícitas) em nossa região. E, claro, a conseqüência imediata: o aumento absurdo da violência e o pouco caso pela vida humana.
Nas cenas mostradas, sempre aparecem indivíduos preparando e fumando maconha e/ou crack. Na praia, no ponto do ônibus, descansando sob uma árvore, etc. Pessoas comuns, jovens e velhos. Principalmente jovens, crianças até!
Afora as festas, onde o consumo de ecstasy é muito grande e tolerado pelas autoridades!
Isso ocorrendo na frente de tudo e de todos. De forma natural. Como se fosse a coisa mais comum do mundo, deparar com alguém, a qualquer momento do dia, usando drogas.
De vez em quando alguns desses consumidores concordam em dar entrevista aos repórteres, deixando claro que não querem fazer apologia da droga, mas, mesmo assim, usam, são viciados.
Se fosse apenas o mal-estar causado pelo fato de alguém estar usando droga na frente da gente, seria tolerável.
Mas, será que todos se dão conta de que o indivíduo está consumindo um produto adquirido de um traficante?
Tem uma coisa me deixa intrigado: ccreio que todas as pessoas que conheço ficam indignadas com fatos relacionados aos traficantes de drogas. Diariamente lemos que grupos de traficantes digladiam-se em busca ou defesa de seus pontos de vendas. E com as forças policiais são travados cinematográficos confrontos. Lemos sobre execuções, principalmente de jovens, relacionadas ao tráfico de drogas. E esses conflitos ocorrem em meio a milhares de pessoas que nada tem a ver com os fatos, que, não raras vezes, são vítimas de balas perdidas e outras formas de violência.
Sempre é bom deixar claro que nas favelas, nos morros e bairros periféricos, a maioria absoluta dos moradores são “gente do bem”, pessoas que apenas querem viver dignamente.
São os traficantes que lá se infiltram, gerando o caos que a sociedade estabelecida (entenda-se nossos governantes) não consegue gerenciar.
Então é unânime que os traficantes são “agentes do mal”.
Mas, por que existem traficantes? Claro que é porque existem os compradores de drogas! Se ninguém comprasse, não haveria o que traficar.
Muitos indivíduos se dizem não viciados, “antenados” com o mundo onde vivem, preocupados com justiça social e paz na vida das pessoas, e que somente (e raramente) usam drogas (socialmente). Pois esses são os principais agentes que financiam o tráfico. Fazem parte dos que estão por trás desses desmandos todos.
Traficante não gosta de viciado, que só atrapalha e rouba para comprar droga. Prefere o mauricinho ou a patricinha, que sempre tem dinheiro a mão e podem adquirir para usar “socialmente”.
Repito: se não existir comprador, obviamente não haverá traficante.
Vamos acabar com a história de nada acontecer com aqueles que tem drogas “apenas” para seu uso pessoal. Com esses moços e moças que vivem a falar mal de tudo e de todos, criticando a falta de segurança nas cidades e a violência institucionalizada nas periferias, mas que financiam, com a droga que compram, a ação dos traficantes e quadrilhas.
Chega de hipocrisia! Não adianta fazer campanhas e não atacar o principal agente dessa realidade cruel: o indivíduo que mantém o tráfico (e que depois, ainda, gosta de dar uma de “bom moço”, de “antenado” ou “descolado”!
E vamos tratar dos viciados, pois isso é um problema de saúde, e dos mais graves.
Mas, sem paternalismos, fazendo-os, também, ver sua parcela de culpa na situação a que chegaram!

Como dizia o meu pai, “SE DROGA FOSSE COISA BOA NÃO TINHA ESSE NOME!”
Abraço a todos!
Edson Cebola

segunda-feira, 5 de abril de 2010

TEM MOMENTOS EM QUE NÃO SE CONSEGUE FICAR QUIETO - 2

TEM MOMENTOS EM QUE NÃO
SE CONSEGUE FICAR QUIETO - 2

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É, tem momentos me que a gente não consegue ficar quieto!
Dia desses, fui ao Aeroporto Internacional Hercílio Luz, na nossa Ilha de Santa Catarina, esperar um primo que estava chegando de Portugal.
Como o vôo atrasou, fiquei esperando o tempo passar vendo livros na livraria existente no segundo piso do termina. Creio que é a única lá existente.
Muitos livros de auto-ajuda, livros sobre vampiros e afins, alguns livros infantis, outros infantilizados, livros das grandes editoras nacionais e alguns estrangeiros.
Procurei literatura de autores catarinenses, porém nada encontrei.
Pedi auxílio a uma funcionária da loja, que solícita e simpática atendeu-me com um belo sorriso.
Mostrou-me uns quatro ou cinco que dizia ser de autores catarinenses. Todos eram ligados ao turismo, com mapas e dicas de points de nossa região.
De literatura catarinense nem do Cristovão Tezza, que nasceu em Lages (1952) mas vive em Curitiba desde os dez anos de idade. O último lançamento deste autor, O Filho Eterno, é uma obra-prima, premiada no Brasil e em Portugal.
Dos nossos autores, que fizeram suas carreiras literárias em Santa Catarina, ela não sabia de nenhum.
Perguntou-me se sabia algum nome de autor catarinense, para digitar em seu sistema e verificar se havia alguma obra na livraria. Considerei a pergunta ofensiva, porém, claro, respondi: Salim Miguel, Flávio José Cardoso, Sergio da Costa Ramos, Urda Krieger e Silveira Júnior.
Ela pediu que soletrasse o primeiro, para digitar: S-A-L-I-M-M-I-G-U-E-L.
É lamentável que turistas e viajantes passem pelo maior aeroporto de Santa Catarina e não tenham acesso ao que escrevemos.
Com tantas cotas por aí, pensei, em tom de galhofa, em começar uma campanha em prol de cotas em livrarias catarinense para autores de nosso Estado.
Que tal?!
É lamentável que isso ocorra!