domingo, 27 de fevereiro de 2011

Tiririca na Educação


DEPUTADO TIRIRICA NA

COMISSÃO DE EDUCAÇÃO DA CÂMARA


Se fosse apenas uma piada, mereceria uma boa risada. Mas é para valer.

Como é que podemos levar a sério o nosso país?

Está na hora de reagirmos! A dita sociedade civil organizada tem de fazer algo, porque já passou do ponto de tolerância!


A seguir, matéria postada em: http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,educadores-lamentam-escolha-de-tiririca-para-comissao-na-camara-,684701,0.htm - acesso: 27 fev. 2011



Educadores lamentam escolha de Tiririca para comissão na Câmara

Indicado para Educação, palhaço teve de provar à Justiça não ser analfabeto; ele pediu a seu partido, o PR, para ser indicado ao posto.


Depois de submetido a um teste para provar à Justiça Eleitoral que não era analfabeto, o deputado, cantor, compositor e humorista Francisco Everardo Oliveira Silva - o Tiririca - foi indicado, nesta sexta-feira, titular da Comissão de Educação e Cultura da Câmara.

A escolha foi anunciada pelo líder do PR, Lincoln Portela (MG), e atende a um pedido pessoal do deputado. Um ofício confirmando a indicação - antecipada pelo estadão.com.br às 15h38 desta sexta - será protocolado pelo PR na terça-feira. Segundo a assessoria de Tiririca, ele queria muito fazer parte da comissão porque pretende atuar, como deputado, na área artística. É até filiado, em São Paulo, ao sindicato da categoria.

A notícia espalhou surpresa e desconsolo entre educadores."É um retrato da sociedade que temos", reagiu o professor Mozart Neves Ramos, da ONG Todos pela Educação. "Acho lamentável", acrescenta a titular de Pedagogia da Faculdade de Educação da Unicamp, Maria Márcia Malavasi. "Não por ele, mas porque há tantas outras pessoas com carreira, seriedade e currículo para essa missão."

Tiririca vai discutir e votar políticas educacionais depois de chegar ao Congresso envolvido numa aura de analfabetismo. Eleito com mais de 1,3 milhão de votos - a segunda maior votação da história da Câmara -, só conseguiu tomar posse depois de provar, perante um juiz eleitoral, que sabia ler e escrever. O argumento do juiz Aloisio Silveira, que o aprovou no TRE paulista, foi que "a Justiça Eleitoral tem considerado inelegíveis apenas os analfabetos absolutos e não os funcionais". O educador Mozart Ramos fez uma comparação: "Imagino se, na hora de formar uma seleção brasileira de futebol, houvesse vagas e cotas para os clubes, como para os partidos". O mais grave, observou, é que este é um ano importante para as causas educacionais. "Temos um Plano Nacional de Educação a ser definido. Com ele, a Lei de Responsabilidade Educacional. A reforma do ensino superior, a questão das cotas." Uma agenda "em grande parte técnica, que exige gente de preparo no setor".

Lembrando que o Brasil tem "14 milhões de analfabetos com mais de 15 anos e muitos milhões mais de analfabetos funcionais", ponderou que Tiririca não está preparado para atender "à dramática necessidade de se organizar a educação para uma sociedade moderna e preparada".

Marcia Malavasi, da Unicamp, esclareceu que não tem nada pessoal contra o deputado. "Não se trata de desmerecer as qualidades que ele possa ter. Mas é evidente que há uma inadequação entre o que ele representa e o tamanho dos desafios da educação brasileira."

Completando sua tarde de celebridades, a Câmara emplacou também o ex-jogador de futebol Romário (PSB-RJ) como vice-presidente da Comissão de Turismo e Desporto. Nesse time jogarão também Danrley de Deus (PTB-RS), ex-goleiro do Grêmio, e o ex-boxeador Acelino de Freitas, o Popó. Romário já avisou que pretende trabalhar com os grupos encarregados de organizar a Copa do Mundo , em 2014, e a Olimpíada do Rio, em 2016. A Comissão de Finanças terá o ex-participante do programa Big Brother Brasil Jean Wyllys (PSOL-RJ).

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

ASPIRINA

.

ASPIRINA

Por Edson Osni Ramos (Cebola)

.

No século V a.C., o grego Hipócrates, considerado o "Pai da Medicina", contrariou o pensamento científico da época, que preconizava os benefícios do ópio e da mandrágora para aliviar a dor de cabeça ou reduzir a febre, e convidou seu pacientes a tomar uma infusão até então desconhecida, o chá da casca do salgueiro branco (Salix alba), para curar essas enfermidades.

Com a decadência da cultura grega, o conhecimento das propriedades curativas desta planta perdeu-se nos tempos. Os romanos combatiam suas enxaquecas com sangrias e sanguessugas. Na América pré-colombiana, os incas e aztecas colocavam rodelas de batata crua na testa.

A humanidade teve de aguardar até 1763, quando o pastor inglês H. Stone redescobriu que o extrato da casca do salgueiro reduzia a febre. Realizou testes com 50 de seus fiéis e apresentou os resultados à sociedade médica britânica.

Porém, entre as contra-indicações do novo medicamento, Stone destacava sua elevada agressividade. O ácido salicílico atacava os fluidos gástricos, provocando ardor estomacal e até úlceras.

Em outubro de 1897, o alemão F. Hoffman, químico da Bayer, empresa que até hoje atua no mercado de medicamentos, reprocessou o produto básico e obteve o ácido acetilsalicílico, um pó mais tolerável que, desde 1899, tem sido a panacéia solúvel contra a cefaléia, os estados febris e o reumatismo crônico.

O pó da Bayer, denominado "Aspirina", era vendido em frascos de vidro e em caixinhas de papelão, estando ao alcance de todos.

Entre 1947 e 1956, a prevenção das tromboses coronarianas com aspirina foi testada com êxito em mais de 8 mil pacientes. Outros estudos sobre as propriedades terapêuticas da aspirina estão sendo conduzidos, sendo os resultados satisfatórios no tratamento de certos tipos de câncer e na prevenção da pressão alta durante a gravidez. Além disso, são provados cientificamente os benefícios dessa droga na prevenção e no tratamento de cardiopatias.

E pensar que tudo vem da casca do salgueiro!

Vocês já imaginaram a quantidade de drogas que existem em uma floresta? E quantas jamais serão usadas pelos humanos, pelo fato de que as plantas que as originariam já foram extintas?

Segundo a Wikipédia, “Salgueiro ou salso é o nome comum das plantas do gênero Salix, família Salicaceae. O nome de Salix parece proceder do celta e queria dizer: próximo da água. É um gênero com centenas de espécies distribuídas em climas temperados e frios que surgiram apenas na era terciária. Inclui plantas de porte muito diverso, desde arbustos e pequenas plantas rastejantes até árvores de porte considerável. Nos parques e jardins é muito comum o salgueiro chorão (Salix chrysocoma, Dode), árvore de ramos longos e pendentes que é um híbrido do salgueiro branco (Salix alba, L.), muito comum na Europa, com uma espécie oriental (Salix babylonica, L.).”

WIKIPÉDIA. Salgueiro. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Salgueiro. Acesso em: 21 fev. 2011.

Os salgueiros são árvores características da beira dos rios e dos seus ramos preparam-se os vimes, que tanta importância tiveram tradicionalmente na cestaria e na produção de móveis artesanais.

Já na Bíblia é mencionada como uma árvore de beira-rios (salmo 137).

Na minha propriedade, em Rancho Queimado, tenho uma dessas árvores, ainda bem jovem, plantada na "ilha" , bem defronte à minha casa.






.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

VESTIBULAR'UFSC 2012



VESTIBULAR UFSC'2012



Obras e Autores para o próximo vestibular



Autor

Obra

1. Visconde de Taunay

Inocência

2. Manoel Antônio de Almeida

Memórias de um Sargento de Milícias

3. Dias Gomes

O Pagador de Promessas

4. Ana Miranda

AMRIK

5. Oswaldo França Júnior

Jorge, um brasileiro

6. Cecília Meireles

Viagem & Vaga Música

7. Milton Hatoun

A Cidade Ilhada

8. Adolfo Boss e Outros

Treze Cascaes



OBSERVAÇÕES IMPORTANTES:
a) Recomenda-se a leitura integral das obras.
b) O conhecimento dessas obras supõe capacidade de análise e interpretação de textos, bem como o reconhecimento de aspectos próprios aos diferentes gêneros.
c) Entende-se que é necessário conhecer também o contexto histórico, social, cultural e estético de cada obra.



terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

MEU PAI

.

MEU PAI


Edson Osni Ramos (Cebola)


Ontem, 31 de janeiro, completaram-se 27 anos da morte de meu pai. Na época ele tinha 56 anos, e eu, 26.

Como todo filho, tive a fase do “meu pai é meu ídolo”, depois “meu pai tem muitas falhas” e “meu pai não sabe nada”.

E, então, ele se foi, sem dar tempo da fase “até que meu pai entende de muitas coisas” e, finalmente, a fase que muitos têm a felicidade de viver: “meu pai é uma ótima pessoa”.

Tivemos problemas, muitos problemas. Mas o tempo é um anestésico às vicissitudes da existência. Hoje, já consegui sepultar os pesadelos. Assim, as lembranças foram depuradas e ficaram apenas as boas, os bons momentos.

Estou escrevendo e olhando a foto abaixo, do final dos anos quarenta. Meu pai, que tinha vinte e poucos anos, é o “de bigodinho”, modelo Errol Flynn, como ele dizia, agachado atrás do acordeão (ou acordeom). O primeiro sentado (da esquerda para a direita) é o Cida (Placindino Melo – já falecido). O músico é Aldo (Adinho) Maciel, depois, Walter Gerlach, meu ex-professor, e o segundo da direita para a esquerda é Genésio Ramos, o meu Tio Néso, também já falecido. Os outros dois não consegui identificar.


Foto: acervo da família - autor desconhecido


Todos saudáveis, posando sobre uma ponte, que não sei onde fica, diante de dois caminhões, que deveriam ser seus meios de transporte. Provavelmente estavam indo ou voltando de algum jogo de futebol. Cheguei a pegar a época em que o pessoal da Ponta de Baixo, São José, SC, se amontoava na carroceria de um caminhão, todos de pé, balançando durante o trajeto - para desespero de minha mãe, que achava que alguém poderia cair, deslocando-se a algum lugar próximo para uma “peleja” dominical.

Que saudade!!!

Eram outros tempos, claro. Sem ser saudosista, mas era um tempo em que pouco tínhamos em termos materiais, mas tínhamos nossa cidade para nós.

Hoje meu pai teria muitos problemas para se adaptar à nossa região.

A sua “Olaria de Louças de Barro” seria inviável, dentro de sua concepção em criar peças utilitárias – panelas, pratos, canecas, alguidares, potes e moringas. Teria de se adaptar à criação de peças decorativas. Teria dificuldade em sair às ruas, mesmo na Ponta de Baixo, e quase não encontrar conhecidos.

Não teria o Miramar e a Pastelaria do Japonês, na Felipe Schmidt, onde ia quando se deslocava até Florianópolis.

Não encontraria os velhos amigos do “mercado” (Mercado Público de Florianópolis), onde a família tinha um box para comercializar louças de barro.

Ficaria horrorizado por não existirem as brincadeiras de seu tempo de criança. Que também foram meus tempos, onde jogávamos pião, bolinha de vidro (na boca ou no crown) e fazíamos carrinhos com latas velhas e cavalinhos de pau com cabo de vassoura. E pescávamos siris e camarões na Ponta de Baixo, que eram cozidos com água do mar. Sem poluição, sem insolação, sem fobias.

Fico imaginando a comédia que seria meu pai diante de um computador!

Como tinha facilidade em fazer cálculos aritméticos “de cabeça”, detestava fazer contas “a lápis”. Jamais usou calculadora, embora tivesse de fazer as contas de todos que trabalham com ele, que recebiam seus vencimentos semanalmente (por produção, não por salário fixo). Lembro de um dos atravessadores, que também tinha box no Mercado Público de Florianópolis e comprava suas louças (no atacado), sempre trazendo as contas já feitas, impressas através de uma calculadora mecânica. Ele conferia tudo “de cabeça”, para ver se o resultado estava correto. E não admita que achássemos graça daquilo.

Na Ponta de Baixo não havia assaltos ou roubos. No máximo, roubavam uma galinha gorda da casa de algum vizinho, que também era convidado para saborear o ensopado que resultava.

De drogas, muita birita – cachaça ou cerveja. E cigarro – meu pai fumava “belmont”.

Aliás, meu pai quase nem tomava cerveja, mas cachaça ...

Ir ao centro de Florianópolis era uma viagem. Aliás, lá na Ponta de Baixo não se usava a expressão “ir ao centro”. Quando se ia ao “centro” de São José, dizíamos ir “a Praça”. Quando se ia a Florianópolis, dizia-se ir “a Cidade”.

A primeira vez que ouvi a expressão “centro”, referindo-se ao centro de Florianópolis, foi quando passei a estudar no Colégio Catarinense, na 1ª série do curso ginasial (atual 6º ano do ensino fundamental).

Tenho saudade de sua voz, de ouvi-lo contar suas histórias. Daqui e de outros lugares.

Algumas boas e engraçadas. Outras tristes.

Outra faceta de meu pai é que foi árbitro de futebol. Certa vez, foi apitar um jogo em Tubarão, lá pelos anos cinqüenta. Para deslocar-se, pegou carona com um conhecido, o Dr. Varela (creio que era juiz), de avião (um teco-teco que decolava do antigo aero-clube de São José, localizado onde hoje é o bairro Kobrasol). Quando retornaram, para alívio de minha mãe, não dava para saber qual dos três tinha ingerido mais “gasolina” durante a viagem: o pai, o Dr. Varela ou o próprio teco-teco.

Tempos atrás fiquei muito feliz em saber que o amigo Gilberto Machado, também lá da nossa Ponta de Baixo, está escrevendo um livro, contando a história das olarias e dos oleiros. Nossa cultura tem de ser preservada e o Gilberto, que quando muito jovem trabalhou de oleiro com meu pai, é o mais capaz para descrever essa parte de nossa tradição, por ter sido agente que vivenciou o período.

Para matar a saudade de quem o conheceu, algumas fotos do meu pai, Osni Albino Ramos, oleiro, grande jogador de dominó e árbitro de futebol. Que um dia não queria apitar um jogo do Ipiranga, no antigo campo que havia em frente à praça de São José, porque estava chovendo e ele estava gripado. De tanto insistirem, concordou em apitar, mas tinha de ser com a roupa que estava. Apenas “arregaçou” a calça e descalço, munido de um guarda chuva, pegou o apito e fez a bola rolar. E se algum atleta risse do fato seria sumariamente expulso.



Foto: acervo da família - autor desconhecido
Time de futebol da Ponta de Baixo - São José-SC: meu pai é o segundo em pé, da esquerda para a direita. Ao seu lado: Vicente, Dico (de barba), Bixa, Zé, Maurício, Coca e Renato.
Agachados: Tinho, Ilson do Seu Duca, Bento, Alécio, Maurinho e Rui. Não identificamos o primeiro de pé, à esquerda e o último agachado, à direita.


Foto: acervo da família - autor desconhecido
Na Olaria, da esquerda para a direita: "seu" Zé, Elói, Quico, um que não reconheci, meu pai e sua égua "Ostra". Ele era a única pessoa capaz de botar esse nome em uma égua.


Foto: acervo Gilberto Machado - autor desconhecido
Festa do Folclore: Porto Alegre, 1969. Expondo sua arte, da direita para esquerda, meu pai, "seu" Baja, Cida e "seu" Ninho.

Foto: acervo Gilberto Machado - autor desconhecido
Festa na Ponta de Baixo, anos 40: meu pai é o primeiro da direita para a esquerda. No centro, Tio Néso. Ainda reconheço, a esquerda, "seu" Ninho e atrás, a esquerda, do Tio Néso, "seu" Constâncio Maciel.
Cerveja resfriada no poço da água e churrasco assado em pedaço de bambú eram suficientes para uma festa.

Quem serão os outros?

Foto: acervo da família - autor desconhecido
Jogo de "casados x solteiros": São Jose - 1959 (pena que a foto está ruim).
Da esquerda para a direita, de pé: Neném, Tavico, (?), Cleto Leite, Dinarte Matos, Aldo Maciel, (?) e Jaime Destri.
Agachados: (?), (?), (?), Ninho, (?), Constâncio Maciel e o árbitro da partida, Osni Albino Ramos, meu pai. A criança, barrigudinha, cabeçuda e sem sapatos (ah se a mãe estivesse presente!) é "este que vos escreve".



Foto: E. Ramos - 2008.
"Mestre oleiro" e escritor, Gilberto Machado mostra sua arte na roda (torno movido pelos pés do oleiro). Olhando atentamente: minha mãe Luci Ramos, meus filhos Bena e Guiba e Tia Adelaide.


Foto: E. Ramos - 2008
Na roda (torno), Guilherme S. Ramos, professor de matemática.


Foto: E. Ramos - 2008
No torno elétrico (agora é mais fácil), Beatriz S. Ramos, sob o olhar atendo da avó.


.
.