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VESTIBULAR UFSC'2011
APROVADOS
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Hoje, pela manhã, foi divulgada a relação de aprovados do vestibular’2011 da Universidade Federal de Santa Catarina.
Faz tanto tempo que acompanho o processo, que já perdi a conta do número de vestibulares nos quais trabalhei.
Vi, como sempre, muita alegria por parte de alguns e bastante tristeza em outros. Jamais fico satisfeito com os resultados do vestibular, porque, por mais profissional que sejamos, sempre ocorre envolvimento emocional com os alunos e suas famílias, de cumplicidade pelo processo de acompanhamento realizado durante o ano. E muitos deles não são classificados.
Parabéns aos aprovados, mas, por favor, para aqueles que não conseguiram a classificação, peço: não baixem a cabeça. É que o caminho das pedras, às vezes, é mais longo para alguns.
E vocês são jovens e por isso, são poderosos. Porque os jovens possuem um aliado incondicional para atingirem seus objetivos: tempo. Para atingirem seus sonhos e projetos de vida.
Como sempre digo, “no final tudo acaba bem, e se agora não está bem, é porque ainda não está no final”.
É muito bom ver um vestibulando comemorando, suas famílias sorrindo e todos pulando de alegria! Mas é muito triste ver a fisionomia fechada de alguém que não conseguiu atingir a aprovação.
Antes era mais fácil, a concorrência era absolutamente menor.
Uma coisa incrível, que a maioria da população não tem noção, é que, em 1974, em Santa Catarina haviam 80 vagas, em instituições públicas, para medicina. No Paraná eram 100 vagas e no Rio Grande do Sul, 120.
Hoje, em Santa Catarina são 100 vagas para medicina. No Paraná são 480 e no Rio Grande do Sul, 484. Interessante, não!!
De quem é a culpa disso? Nossa, de todos nós, da sociedade civil, que elegemos dirigentes que permitem tal situação.
Para agravar mais ainda essa desigualdade, temos as políticas implantadas pelo governo federal, que ao invés de investir em educação de base, vive vendendo a ilusão de que tudo está ótimo, com políticas de “inclusão social” cuja face mais cruel são as tais cotas (reservas de vagas) para alunos oriundos da escola pública (que cursaram todo o ensino fundamental e ensino médio em escolas públicas) e alunos autodeclarados afro-descendentes.
Isso implica que para os chamados não optantes, tomando Medicina como exemplo, restaram apenas 70 vagas (repito: em 1974 eram 80!)
Para termos idéia do que isso significa, basta analisarmos o que foi divulgado no site da UFSC http://www.vestibular2011.ufsc.br/):
NOTA FINAL DO PRIMEIRO E DO ÚLTIMO CANDIDATO CLASSIFICADO EM MEDICINA (em percentual de acertos)
- Candidatos oriundos da Escola Pública: 81,33% e 72,49%
- Candidatos autodeclarados negros: 60,26% e 54,72%
- Candidatos “não optantes” (os “sem cotas”): 86,56% e 79,98%.
Analisando os resultados, chega-se a uma conclusão significativa: alguém foi aprovado em Medicina mesmo tendo obtido 25,25% de acertos a menos que alguém que não foi aprovado. Exatamente isso que você está lendo!
Onde está a igualdade de direitos de todos os brasileiros, que deveriam ser “iguais perante à lei”?
Partilho a dor dos alunos e pais que estão nessa situação. Onde estão nossas autoridades, que aprovam leis que permitem tais anomalias?
Se tomarmos como exemplo o curso de Engenharia Mecânica, a situação é mais incrível ainda:
Entre os não optantes (os “sem cotas”), a menor pontuação dos aprovados na UFSC foi 70,82% de acertos. Entre os autodeclarados negros, o último aprovado obteve 31,47 %.
É a metade! Existe alguém que conseguiu vaga mesmo com a metade dos acertos de outro que não se classificou.
Como vai se sair em “cálculo 1” e “física 1” alguém que fez tão baixa pontuação no vestibular e mesmo assim foi aprovado? Depois a universidade faz cursos e seminários para estudar os motivos de tantas desistências de alunos que cursam engenharia!
Nos anos anteriores tivemos vários casos de vestibulandos que entraram judicialmente contra a UFSC. Alguns ganharam, outros perderam.
Não consigo entender a justiça em nosso país! Segundo um amigo advogado, tudo depende do juiz que “pega” o caso. Cada um emite uma sentença conforme sua cabeça. E que Deus nos ajude!
Mas... a vida segue!
E ainda tem o Enem, o Exame Nacional do Ensino Médio.
Quem acompanha os alunos fazendo as provas do Enem sabe que as mesmas não oferecem segurança em sua aplicação. As provas da UFSC são realizadas em ambiente que usa de todos os recursos para impedir fraudes, como colas eletrônicas e similares.
O Enem não usa nada disso. Simplesmente as provas são aplicadas. Pergunte a quem já fez o Enem o que acha da aplicação das provas. Quando se vai ao banheiro (em muitos casos) sem acompanhamento, sem revista eletrônica.
Isso para não citar os outros (inúmeros) problemas ocorridos nesses dois últimos anos (que causaram a “renúncia” de dois presidentes do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), que gerencia o Enem.
Amigos, temos de reagir!
A escola pública tem de ser valorizada, mas com investimentos, com capacitação de profissionais. Não com paliativos.
O ensino fundamental e o ensino médio em escola privada deve ser uma opção, não uma necessidade!
Hoje um ex-aluno, que obteve 75,12% de acertos para Medicina e que era “não optante”, logo não foi classificado, estava triste mas não perdeu o humor.
Disse: “Professor, acho que o governo deveria criar o programa pró-cotas, pois se tem tanto pró-isso e pró-aquilo, poderia ser feito algo em prol dos “sem cotas”.
Alguns ainda conseguiram emitir um sorriso, mas...
Em relação aos alunos do CURSO PASCAL, estou muito feliz. A aluna ROBERTA GUERREIRO (aprovada em Medicina) foi a 6ª colocada na classificação geral da UFSC, a aluna Kamilla Schmitz Nunes (aprovada em Medicina) foi a 9ª clolocada na classificação geral da UFSC e a aluna ANA CLARA D'ACÂMPORA (aprovada em Medicina) foi a 11ª colocada na classificação geral da UFSC.
E tivemos muitos outros aprovados.
Um outro dado curioso: comparando as relações de aprovados em medicina na UFSC e na UFPR, encontramos 21 nomes que estão nas duas listagens. Ou seja, ocorrerão várias outras chamadas de classificados.
E encontrei vários ex-alunos, agora pais de alunos, comemorando a aprovação de seus filhos!
Abraço a todos.
Prof. Edson Osni Ramos (Cebola)
5 comentários:
Olá Cebola, o teu comentário está realmente excelente porém acredito que vai ser difícil mudarem essa situação.
A minha sobrinha que para estudar em escola particular a mãe que trabalha na própria escola teve que fazer um expediente mais durante todo o ensino médio, para pagar a mensalidade dela e do irmão nesse caso não foi cotista e também não passou no vestibular.
Mas não quer dizer que todos os que fazem o Ensino Médio em escola pública não possam ou não tenham condições de serem aprovados.
Nem sempre estudar em escola pública é sinal de pobreza absoluta.
Um abraço,
Paulo Coelho
Cebola, não sei se lembras de mim, fiz teu cursinho em 2007. Fiquei em 75 em Direito Diurno no primeiro ano das cotas.. A choradeira foi grande aqui em casa. Consultamos uma advogada amiga da família, e ela disse que não "daria em nada" entrar com a ação. Uma semana depois minha mãe conversando com outra mãe que entrou na justiça fez o melhor investimento (cerca de R$2.000) da vida: Mandado de Segurança. Hoje em dia ele está sobrestado (esperando aquele julgadão do STF), ganhei em todas as instâncias. Sorte? Talvez, creio mais em fé, oração, Deus. Todo esforço tem uma consequência. Não deixe ninguém desisitir das ações judiciais! Ou melhor, aconselhe as pessoas a entrarem com elas. No máximo vão perder R$2mil.. mas a felicidade de não passar por cursinho e vestibular de novo paga tudo isso!
Já estou na 6ª fase e tenho orgulho de dizer que entrei por mandado, estou ali qualificadamente como qualquer outro!
Um abraço, Maria Alice
Querida Trentini, você é uma guerreira, alguém que acredita em si e briga por seus direitos.
Tomara que outros sigam seu exemplo!
Beijo
Prof. Cebola
Caro Senhor Edson Cebola
Você está equivocado em seu depoimento
Primeiro ponto
O estudante de escola pública é merecedor de cota. Quem estuda em escola pública na sua grande maioria são pessoas que tem condições financeiras precárias. Um estudante de escola pública para passar no vestibular tem que ser um verdadeiro herói. Não importa se teve 20% de erros a mais que um não cotista. Na Universidade veremos quem é quem. O aluno pode ter passado no vestibular em primeiro lugar, ter ganhado até um troféu, mas no curso de graduação fica para trás.
Segundo ponto
Todos sabem dos problemas que ocorreram com os negros e indígenas num período histórico recente. Uma alternativa encontrada para a resolução deste problema foi tentar uma sociedade mais igualitária racialmente.
Terceiro ponto
Todos sabem que o problema todo está no ensino básico. Se tivesse um ensino de qualidade não haveria cotas.
Quarto ponto
Eu teria vergonha de ter estudado minha vida toda numa escola particular e mesmo assim não passar no vestibular.
Quinto ponto
Física não precisa de cota nem nada..............qualquer um passa!!!! Né professor?
Sr. Fabricio:
Esta é sua opinião.
Respeito-a, mas não significa que seja "a verdade".
Quanto ao ingresso em fsc "não precisar de cotas", é um comentário no mínimo desnecessário, onde o senhor parece tentar desmerecer aqueles que optam por cursos como esse (licenciaturas em geral). Que pena que pessoas pensem assim!
Tenho muito orgulho da minha profissão!
E no que tange à minha opinião sobre a situação do ensino médio e fundamental em nosso pais, talvez se o senhor tivesse lido meus escritos (em artigos em jornais e similares) observasse que, ao que parece, temos a mesma opinião. Enquanto a escola privada for uma necessidade e não uma opção, não se pode falar em projetos educacionais dignos em nosso país. Tem-se que investir no ensino fundamental e médio públicos e de qualidade.
O que não é feito!
E quanto ao senhor achar totalmente desnecessário meu comentário no blog, digo que não pedi sua opinião a respeito.
Então.....
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