quinta-feira, 29 de julho de 2010

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UTOPIA
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Autor: Edson Osni Ramos (Cebola)
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Como caracterizar o perfil docente com base na realidade da educação e sociedade brasileira para docência de formação básica, ensino médio e superior e atuação em projetos de instituições não-formais?
Dia desses, realizando atividade acadêmica, deparei-me com essa argüição.
Se compararmos a realidade educacional de algumas nações, como a dos componentes da comunidade européia, com a realidade brasileira e, mais especificamente, com o que ocorre em nossa região, percebemos diferenças significativas.
Uma delas, é que se perguntarmos aos alunos do último ano do ensino médio e a respeito de sua futura opção profissional, verificaremos que a maioria absoluta vai optar por atividades que não estão ligados à atividades de magistério. Principalmente se a pergunta for dirigida aos melhores alunos das classes, aos que possuem maior facilidade de assimilação, raciocínio e senso crítico.
Infelizmente essa é a regra geral.
Contudo, percebe-se que a situação já foi pior. Em décadas passadas, a maior parte dos alunos que seguiam cursos superiores na área educacional (magistério) era oriunda da demanda reprimida que não conseguia atingir performance para ingressar em outros cursos. O indivíduo tentava várias vezes Medicina, Direito ou Engenharia e, após alguns anos de insucesso, se contentava em ingressar em curso de licenciatura.
Isso veio a gerar uma gama de professores que ali estava não por opção, mas por circunstância. E não adianta ser corporativista e tentar “tapar o sol com uma peneira”. É a realidade, que transforma em uma nociva bola de neve: professores ruins, despreparados e desmotivados implicam em alunos ruins, despreparados e desmotivados.
Alguém pode dizer que isso é a conseqüência da política estatal para com a educação, com professores desvalorizados pelas autoridades e sociedade, salários indignos e precárias condições para se efetivar um trabalho de educação.
Hoje, porém, percebemos que existe luz no final do túnel.
Algumas possibilidades foram criadas para motivar o educador, com o surgimentos de cursos de aperfeiçoamento e de especialização – presenciais e virtuais, acessíveis à maioria dos interessados. Assim, muitas das “boas cabeças” que concluem o ensino médio estão optando pelas atividades de magistério. É só observar os melhores classificados nos vestibulares que voltamos a encontrar alunos dos cursos de licenciatura.
Se analisarmos a situação atual, temos juntamente com uma massa alienada e incompetente, uma considerável quantidade de professores que tentam desempenhar seu papel de educador, transmitindo informações e formando
indivíduos-cidadãos, mesmo em situações não satisfatórias, com salários e condições de trabalhos ruins.
Sabemos que o professor formador deve ter, como princípio de sua atividade, o comprometimento com a causa educacional. Para isso, deve ter a possibilidade de sistematicamente ter acesso a novas informações e tecnologias, para poder desenvolver sua atividade em “cumplicidade” com seus alunos e demais membros de sua comunidade educativa.
Deve ter o comprometimento em formar um homem-novo, capaz, crítico e compromissado em não reproduzir a realidade injusta em que vivemos.
Deve ter possibilidade de mobilidade e cooperação e trabalhar com responsabilidade e dedicação.
Alguém poderá argumentar que isto tudo é utópico, mas o que seria de nós, humanos, sem nossas utopias?

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