terça-feira, 13 de outubro de 2009

UFSC confirma Vestibular 2010 para os dias 19, 20 e 21 de dezembro

VESTIBULAR UFSC'2010
Dias 19, 20 e 21 de dezembro

Reunião extraordinária do Conselho Universitário da UFSC realizada na manhã desta terça-feira, 13/10, confirmou a realização do Vestibular 2010 nos dias 19, 20 e 21 de dezembro e prorrogou o prazo final das inscrições de 14 para 20 de outubro. Como vai adotar a nota da prova objetiva do Novo Exame Nacional do Ensino Médio como percentual de 20% no vestibular, a Universidade decidiu esperar até o dia 8 de fevereiro de 2010 pela divulgação do resultado do Enem. Depois disso, por uma questão de calendário, os dados dessa avaliação serão desconsiderados e valerão apenas as notas do vestibular.
A divulgação da lista dos aprovados será entre os dias 24 e 25 de fevereiro.
A decisão do Conselho Universitário de transferir o vestibular decorreu da coincidência de datas com a prova do Enem, inicialmente marcada para os dias 10 e 11 de outubro e depois transferida para 5 e 6 de dezembro, por conta do episódio da subtração de uma prova do exame, no final de setembro. Além de manter-se fiel às políticas de avaliação do MEC, a Universidade considerou que não haveria espaços físicos em Florianópolis para a realização do vestibular – eles seriam utilizados pelo exame do Enem – nas datas anteriormente marcadas.
O reitor da UFSC, Alvaro Toubes Prata, lamentou que a instituição, de longa tradição na realização do vestibular, precisasse passar por esse transtorno, que prejudica os candidatos e a própria Universidade. “Poderíamos manter a data anterior, ignorando a situação nacional, mas achamos melhor responder afirmativamente à demanda do MEC”, disse ele. Segundo o reitor, os alunos que não puderem fazer o vestibular de 19 a 21 de dezembro, por estarem inscritos em outras universidades, terão o dinheiro da inscrição reembolsado. “Não há qualquer problema legal nesse procedimento”, afirmou.
No próximo vestibular, a Universidade Federal de Santa Catarina vai oferecer o número recorde de 6.021 vagas, distribuídas em 82 cursos instalados nos campi de Florianópolis, Joinville, Curitibanos e Araranguá. Há dois anos, havia pouco mais de 4 mil vagas e 60 cursos, disponíveis apenas na sede, na capital catarinense.
Dos 30.198 inscritos até a última sexta-feira, 70% optaram pelo uso de 20% do exame do Enem como parâmetro para a nota do vestibular.

sábado, 3 de outubro de 2009

O ENEM, OS JOGOS OLÍMPICOS E OS NETINHOS DA VELHINHA DE TAUBATÉ

O ENEM,
OS JOGOS OLÍMPICOS
E OS NETINHOS DA VELHINHA DE TAUBATÉ
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Autor: Edson Osni Ramos (Cebola)
Na última 5ª feira, 1º de outubro, despertamos com a novidade: a prova do Enem foi cancelada, devido a vazamento de questões (fraude) ocorrido.
Para quem vive no meio acadêmico, não foi surpreendente, apenas decepcionante.
É difícil em um país como o nosso, uma prova única, com a magnitude do Enem (quatro milhões e cem mil exemplares espalhados), ser aplicada sem possibilidade de fraude?
Nosso povo, infelizmente, tem uma índole tal que são valorizados os “expertos”, os “safos”, os vigaristas e similares. Os honestos são, de forma geral, são considerados otários.
Os brasileiros, de maneira geral, são pessoas que gostam de “levar vantagem em tudo, entende!”
E não estou afirmando isso como um desabafo apenas, não estou colocando de forma aleatória ou empírica. Podemos fazer amostragens.
Nossos representantes, ou seja, aqueles que representam todos os demais habitantes do país no Congresso Nacional e em outras instâncias menos relevantes (mas não menos onerosas) simbolizam o povo.
Se observarmos as notícias oriundas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, conclui-se que no quesito honestidade muitos deixam a desejar. A quantidade de processos e condenações na justiça demonstram, de forma inequívoca, que nossos representantes padecem de certos preceitos que seriam convenientes aos que representam um povo de boa índole.
Claro que no Congresso Nacional tem muita gente honesta! Assim como grande parte da população brasileira é honesta. Porém, a maioria dos honestos é constituída por indivíduos ingênuos ou omissos. Ou as duas coisas.
São aqueles que acreditam em Papai Noel, em Saci-Pererê e nas boas intenções dos que nos governam!
Na época da ditadura militar (da última – e queira Deus que seja realmente a única!), O escritor Luiz Fernando Veríssimo criou uma personagem: a “Velhinha de Taubaté”. Era a última pessoa em nosso país que acreditava nos desmandos das autoridades e nos comunicados dos órgãos oficiais do governo. Pois pensei que a “Velhinha” tinha morrido. Talvez até tenha, mas deixou inúmeros netos.

Outra coisa inquietante: os órgãos do governo estão comunicando que a partir de agora não teremos mais vestibular, somente o Enem, onde serão cobrados de nossos alunos apenas raciocínios. Agora não mais teremos as “decorebas” e o uso de fórmulas, diz a propaganda oficial.
Então gostaria que observassem essa prova do Enem que não foi realizada (a prova fraudada, já disponibilizada para os interessados). Compare-a com as provas, por exemplo, dos últimos vestibulares da Universidade Federal de Santa Catarina.
Apenas no formato existe diferença. Os assuntos abordados e as maneiras de abordagens são idênticas. Com o uso de raciocínios e fórmulas, bem de acordo com o programa da UFSC e das matrizes de referência do Enem, capazes de cobrar competências e habilidades dos vestibulandos.
Novamente percebe-se que a diferença está apenas na retórica.

Mas, é compreensível! Enquanto em nosso país a educação de base for deixada de lado, como um subproduto ventilado apenas em tempos eleitorais, será isso mesmo. Um povo que ama pão e circo e que está sempre a espera de um Messias populista que traga algum alento.
A educação privada tem de ser uma opção, não uma necessidade!
A maioria das escolas públicas desse país vive ao deus-dará.

E, de quando em quando o governo vem com a solução final: há três anos eram as cotas que resolveriam as desigualdades sociais do país.
Agora a solução é o Enem!
Logo teremos nova prova do Enem.
A angustiante pergunta é: será que nesta prova as fraudes serão descobertas?

Mas, nem tudo está perdido.
Ontem, 6ª feira, 3 de outubro, tivemos a grande notícia: o Rio de Janeiro vai sediar os Jogos Olímpicos de 2016! Estamos no primeiro mundo: depois da Copa de 2014, as Olimpíadas de 2016!
E, novamente, os netos da Velhinha de Taubaté foram as ruas, vibrando e cantando com essa possibilidade de resolvermos todos os problemas do Rio de Janeiro, com as Olimpíadas.
Nosso presidente até chorou de emoção!
Dizem: se Barcelona se redimiu de seus pecados com as Olimpíadas de 1992, porque no Rio de Janeiro não acontecerá o mesmo?

Pois é, mas quem vai pagar a conta?
Se as despesas (declaradas) com os últimos jogos Panamericanos (Rio de Janeiro/2007) excederam em 10 vezes o planejamento orçamentário feito, com contas ainda não devidamente justificadas perante os órgãos competentes, como garantir que não ocorrerá novamente?
Principalmente sabendo que os organizadores são basicamente os mesmos?

Mas, não há de ser nada, dizem os netinhos, as Olimpíadas vão mostrar o Brasil para o mundo. E se “até” os chineses fizeram um espetáculo deslumbrante, então “nós podemos”, como diria nosso “timoneiro” de forma “bastante original”.

Mas quem vai pagar a conta?
Provavelmente alguma autoridade “experta” apresente mais um projeto no Congresso Nacional: “IMPOSTO PARA OS JOGOS OLÍMPICOS”. E ainda argumentariam: nossa população já paga tantos impostos que provavelmente nem notará mais um.

"Pois sim!", como diria meu pai.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

BASTIDORES DO VAZAMENTO DO ENEM

BASTIDORES DO VAZAMENTO DO ENEM

Fonte: http://blog.estadao.com.br/blog/renata/title=bastidores_do_vazamento_do_enem&more=1&c=1&tb=1&pb=1
por Renata Cafardo - 01.10.09


Meu telefone fixo tocou por volta das 15h30 de ontem e uma voz tremida do outro lado confirmou meu nome completo e avisou que queria falar sobre o Enem. Já havia recebido mais cedo um recado de alguém estava interessado em vender o gabarito da prova, que seria realizada por 4,1 milhões de alunos no fim de semana.
O homem disse pouco, preferia não falar ao telefone e queria um encontro ao vivo. Mas avisou que o que ele tinha era a prova toda, as 180 questões dos dois dias, já impressas. Eu falei que tinha interesse em verificar a veracidade do material e então marcamos para as 19h15 em um café perto do jornal.
A direção decidiu que eu fosse acompanhada de duas pessoas e então o editor do Ponto Edu, Sergio Pompeu, e o fotógrafo Evelson de Freitas, foram escalados para isso. Sentamos os três no café e esperamos. Não sabíamos nome algum ou rosto de quem procurar, mas um dos informantes chegou primeiro e nos identificou. O outro chegou poucos minutos mais tarde, com uma pasta cheia de papéis.
Segundo eles, o material tinha sido vazado por alguém em Brasília, no Inep/MEC. Eu pedi para ver a prova e eles a colocaram, sem cerimônias, na mesa do café. Estavam lá os logotipos do governo federal, das empresas contratas para organizar a prova, do Inep. Ao folhear a prova, não acreditava no que via. As questões tinham o perfil do Enem, um exame que cobra competências e habilidades, usa temas cotidianos. Vi lá tiras da Mafalda, do Garfield, trechos da Canção do Exílio e de uma reportagem da revista Veja. Tratei de decorar o máximo de questões possíveis.
Vi também a prova de matemática, mas as questões eram enormes, obviamente cheias de números, e desisti de tentar memorizá-las. Depois de dois minutos, um dos homens me tirou a prova das mãos. "Já viu demais", disse. Perguntei sobre a redação e eles se negaram a mostrar essa parte da prova.
Queriam dinheiro e deixavam claro isso. Pediram R$ 500 mil e tinham a convicção de que fariam o negócio com algum veículo de imprensa. Deixamos claro que o Estado repudiava esse tipo de comportamento, que aceitaríamos denunciar o vazamento desde que não pagássemos por isso. Eram homens simples, pareciam não ter qualquer experiência com provas ou conhecimento do sistema educacional do País. Os dois, por volta dos 30 anos de idade, viam no material que "tinha caído no colo deles" como uma "oportunidade única". Um deles tinha comportamento mais truculento, falava de maneira mais agressiva. O outro aparentava nervosismo, medo. "Não somos bandidos. Queremos nos livrar disso o mais rápido possível", dizia.
Saímos cheios de dúvidas do encontro. Já no jornal, a direção decidiu que entraríamos imediatamente em contato com o ministro da Educação, Fernando Haddad, e que nada seria publicado até que houvesse uma confirmação de que a prova que tínhamos visto era verdadeira. Durante as 21horas e 0h30 falei cerca de 10 vezes com o ministro, que prontamente nos informou as providências que estavam sendo tomadas (procura pelos técnicos do Inep, abertura do cofre para identificar a prova etc). Ele foi informado das questões que eu tinha memorizado.
Pouco antes da 1h da manhã veio a confirmação de que o Enem seria cancelado. A prova que tive em mãos era verdadeira.