segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

RESOLUÇÃO DA PROVA DE FÍSICA

VESTIBULAR - UFSC - 2009
PROVA DE FÍSICA - RESOLVIDA
Entre em: http://www.pascal.com.br/

terça-feira, 26 de agosto de 2008

EQUILÍBRIO

EQUILÍBRIO
ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "NOTÍCIAS DO DIA"
Florianópolis, 24 de agosto de 2008.

Estamos quase em setembro, e já está chegando o período de inscrição para o próximo vestibular na Universidade Federal de Santa Catarina.
Mais que uma prova, o vestibular se tornou uma espécie de ritual de passagem para muitos jovens e seus familiares, que vivem o ano inteiro em função da atividade. Que pena que nosso sistema educacional afunile tanto, de tal forma que apenas alguns poucos conseguem ingressar no ensino superior público e de qualidade!
Mas, e agora? O que as famílias podem fazer para auxiliar no processo?
Quase todos os dias atendo vestibulandos com frases como: “Meu pai quer que eu faça medicina, mas prefiro nutrição!” Ou “queria fazer medicina, mas estou co medo de não passar de novo!”
Ou pais dizendo: “meu filho já vai fazer vestibular! E só tem dezesseis anos!” E dizem isso como se fosse uma coisa maravilhosa, fazer vestibular com apenas dezesseis anos! Quando ainda se tem tanta coisa para aprender, antes de se decidir sobre a profissão futura.
Ah, pais, que querem fazer de seus filhos suas medalhas!
Habitualmente constatamos a existência de dois tipos de pais: os “omissos” e os “sufocadores”. Omisso é aquele que se intitula liberal, dizendo que deixa seu filho tomar suas decisões sozinho. Esses, com raras exceções, querem dizer “meu filho que se dane, já faço muito em pagar seus estudos!”.
E o “sufocador” é aquele que está o tempo todo em cima, tentando ajudar, da sua maneira. É aquele que quando vê seu filho caminhando pela casa, após horas estudando, indo ao banheiro, pergunta: “querido, não estás estudando hoje?!”
Ou aquela mãe, que quando vê seu filho estudando, tarefa que ele não executa com muita alegria, interrompe-o a cada quinze ou vinte minutos, perguntando: “querido, não queres uma vitaminazinha de banana?”, tirando-o completamente da concentração.
Claro que, dos dois, prefiro trabalhar com alunos filhos de pais “sufocadores”.
Mas, o ideal é chegar a um termo de equilíbrio, em que se deixa o filho tomar suas decisões e crescer, sempre deixando claro que ele pode contar com o ponto de apoio, o sustentáculo dos pais ao seu lado. E fazer o filho entender que estudar para o vestibular não é estudar “mais”, é estudar “melhor”!
Fazer ver que a palavra correta desta época tão importante na vida do jovem é EQUILÍBRIO!

- autor: Edson Osni Ramos (Cebola), professor de física do Curso Pascal e do Curso Energia

domingo, 20 de julho de 2008

PÔR-DO-SOL

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A crônica, a seguir é do próximo livro, que ainda não tem nome definido.
Lembra de uma bela época da minha vida.
Escrevi após ver uma foto daqueles tempos, de um pôr-do-sol. Visto de dentro de uma sala de aula do Colégio Catarinense.
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PÔR-DO-SOL

Edson Osni Ramos
(com a ajuda do Caio Roberto Salvino)

Outono de 1980.
A quinta aula do turno da tarde (que era o turno de funcionamento do então curso científico - hoje ensino médio) no Colégio Catarinense, em Florianópolis, no segundo piso do prédio da centenária instituição de ensino, era um espetáculo.
O veterano colégio, fundado em 1905, virou o século XX cercado de edifícios por todos os lados, porém, naquela época, poucos eram os prédios da já badalada avenida beira-mar.
Então, das salas do segundo piso (o terceiro piso era a residência dos jesuítas), tínhamos uma visão transcendental. Atrás dos morros, lá pros lados do continente, o pôr-do-sol era como um cartão da cidade.
Como era bom explicar, nas aulas de óptica, o porquê do avermelhado do Sol quando se punha no horizonte! Era, também, uma maneira de tornar as aulas de física mais próximas dos alunos, mostrando a ciência como companheira do cotidiano.
Tempos bons aqueles!
Estudávamos, trabalhávamos, brincávamos!
A nossa província era, também, nosso paraíso!
A cidade despertava para sua vocação turística. Os cariocas tinham acabado de nos descobrir, quando da chegada da Eletrosul à nossa cidade.
Essa empresa modificou hábitos e criou novas situações de vida e consumo. E depois vieram os gaúchos e paulistas, seguidos pelos argentinos.
Na época, a cidade se conhecia.
As festas não eram muitas, então todos esperavam por elas.
A Joaquina era o point. Depois, a Praia Mole!
A Dizzy, o grande centro de encontro dos jovens. Em seguida apareceram a Chandom e a Shampoo!
E que saudade daqueles meus cabelos arrepiados, que de há muito se foram, de usar gel New Wave, do aroma no ar dos perfumes Stilleto e do shampoo Floreal (de maçã verde) e das calças Fiorucci das meninas!
Deus, que sonho de época nós vivemos!
Tínhamos, ainda, a Cocota do “seo Didi”, a esquina da Marrocana, o Vagão (do garçom Getúlio), o Degraus e o Espetinho, lembram-se?!
Na época, as alunas absolutamente lindas! Cada mulherão!!
Hoje, são todas muito jovens, crianças mesmo, embora estejam na mesma faixa etária daquelas de outros tempos.
Ah, tempo danado, que passa para todos!
No colégio, a grande pegação de pé era com o pessoal do interior, que chegava para estudar na cidade.
Cada menina linda!
Umas galeguinhas de tirar o fôlego, de Pomerode, Blumenau, Caçador e Jaraguá!
Era só abrirem a boca e os sotaques as denunciavam!
E as meninas bonitas daqui, se fosse citar nomes, teria de encher várias páginas.
Como estarão hoje esses anjos daqueles tempos?!
Como vivem aqueles queridos e queridas que passaram pela gente, em sala de aula, nesse tempo todo de magistério!
Desses tempos até hoje, quanta coisa mudou!
Embora, hoje, o pôr-do-sol seja tão belo quanto outrora, duvido que seja possível vê-lo das salas de aula do Colégio Catarinense.
E será que as aulas de hoje são as mesmas?

quarta-feira, 18 de junho de 2008

AURORA BOREAL E AURORA AUSTRAL

AURORA BOREAL E AURORA AUSTRAL
Autor: Edson Osni Ramos (Cebola)
Ocasionalmente ocorre no Sol as chamadas erupções solares, quando surgem “protuberâncias” com até vários milhares de quilômetros de altura. Nessas ocasiões são emanadas partículas carregadas eletricamente, o chamado vento solar, que chegam até a Terra pela ação do campo magnético terrestre.
A camada mais externa da atmosfera solar, denominada coroa, é constituída por gás, principalmente hidrogênio, e possui temperatura tão elevada que os átomos neutros se dissociam em íons positivos (principalmente prótons) e elétrons.
O vento solar que flui da coroa é um plasma quente, constituído por essas partículas, que se espalha até os limites do sistema solar com velocidades entre 300 e 1000 km/s, atingindo inclusive a Terra. A intensidade do vento solar não é constante, aumentando nos períodos de maior atividade solar.
As linhas de campo magnético do vento solar interagem com as linhas do campo magnético terrestre, de tal forma que a energia transportada pelo vento solar atinge a Terra. Ao penetrar na ionosfera (altitude entre 100 e 1000 km), as partículas do vento solar interagem com os muitos elétrons e íons livres lá existentes.
A uma altitude em torno de 100 km, o movimento dessas cargas elétricas produz colisões com os átomos e moléculas da atmosfera, excitando-os e provocando a emissão de luz, que pode ser observada em vários padrões de cores. Além disso, esse fenômeno provoca a emissão raios-x e radiações ultravioletas e infravermelhas.
Como o campo magnético terrestre é mais intenso nos pólos, o vento solar que penetra na ionosfera entra principalmente nessas regiões. Por isso, esse fenômeno ocorre principalmente nos pólos e é conhecido como aurora boreal (quando ocorre no Pólo Norte) e aurora austral (quando ocorre no Pólo Sul).
Assim, as auroras boreal e austral são fenômenos corpusculares, que ocorrem com partículas eletrizadas e provocam a emissão de luz e outras radiações eletromagnéticas.
As auroras boreal e austral formam-se na ionosfera, ou acima dela, que é a camada da atmosfera que contém muitos elétrons e íons livres, formados pelos efeitos das emissões solares de radiações ultravioletas e raios-x.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

PARA OS QUE TEM AMOR NO CORAÇÃO

If (Se)
de Rudyard Kipling
tradução de Guilherme de Almeida

Se és capaz de manter a tua calma
quandoTodo o mundo ao teu redor já a perdeu e te culpa;
De crer em ti quando estão todos duvidando,
E para esses no entanto achar uma desculpa;
Se és capaz de esperar sem te desesperares,
Ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
E não parecer bom demais, nem pretensioso;
Se és capaz de pensar - sem que a isso só te atires,
De sonhar - sem fazer dos sonhos teus senhores.
Se encontrando a desgraça e o triunfo conseguires
Tratar da mesma forma a esses dois impostores;
Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas
Em armadilhas as verdades que disseste,
E as coisas, por que deste a vida, estraçalhadas,
E refazê-las com o bem pouco que te reste;
Se és capaz de arriscar numa única parada
Tudo quanto ganhaste em toda a tua vida,
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
Resignado, tornar ao ponto de partida;
De forçar coração, nervos, músculos, tudo
A dar seja o que for que neles ainda existe,
E a persistir assim quando, exaustos, contudo
Resta a vontade em ti que ainda ordena:
"Persiste!";
Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes
E, entre reis, não perder a naturalidade,E
de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
Se a todos podes ser de alguma utilidade,
E se és capaz de dar, segundo por segundo,
Ao minuto fatal todo o valor e brilho,
Tua é a terra com tudo o que existe no mundo
E o que mais - tu serás um homem, ó meu filho!

domingo, 1 de junho de 2008

FEDERALIZAR A FURB

ENSINO PÚBLICO DE QUALIDADE
Amigos, nosso Estado de Santa Catarina vem, de há muito, sendo discriminado pelo governo federal em várias áreas. Porém, na educação, isso é alarmante. Temos, em nosso Estado, apenas duas universidades públicas que fazem ao justificam o nome: universidade. A UFSC e a UDESC.
Agora está sendo lançada uma campanha para federalizar a FURB (de Blumenau).
Muito mais barato do que implantar uma nova universidade federal em nosso Estado, é o governo investir e federalizar uma instituição já existente.
Precisamos de ensino público de qualidade!
Não é justo existir no Rio Grande do Sul seis universidades públicas de qualidade, no Paraná, quatro e, aqui em Santa Catarina, apenas duas. Uma das quais, a Udesc, com poucos cursos. Temos, em nosso Estado, apenas um curso público de Medicina (Ufsc, com 100 vagas), enquanto no Paraná existe 385 vagas e, no Rio Grande do Sul, 480 vagas públicas para esse curso. Também nas áreas de Odontologia e Direito, apenas a UFSC oferece cursos.
Claro que são oferecidos outros cursos de medicina, direito e odontologia em Santa Catarina. Só de medicina temos mais oito, em instituições particulares. Porém nem todos tem acesso, devido ao elevadíssimo custo. E, em alguns cursos, sabemoss, a qualidade é discutível.
A culpa: nossa, claro! Que elegemos, historicamente, governantes incapazes de mudar esse estado de coisas!
Agora podemos fazer algo: participar da campanha para federalizar a Furb!
(link para imprimir a folha oficial).
Se for possível, consiga assinaturas e, depois, envie a lista por correio para "Comitê Pró-Federalização da FURB - Fundação Universidade Regional de Blumenau, Rua Antônio da Veiga, 140 - Câmpus I, Sala C-20089012-900 Blumenau SC.
Vamos, amigos!
Temos compromisso com as gerações futuras!
Abraço
Prof. Cebola

REFLEXÃO DE ONDAS SONORAS - SONAR

SONAR (sound navigation rancing)
Autor: Prof. Edson Osni Ramos (Cebola)



Sempre que você ouve alguém falando, significa que ocorreu uma produção de ondas sonoras que sensibilizaram seu aparelho auditivo.
Sendo as ondas sonoras de natureza mecânica, necessitam de meio material para se propagarem, não se transmitindo, portanto, no vácuo. São diferentes das ondas eletromagnéticas (luz, sinal de rádio, raio X, etc.) que podem se propagar também onde não há matéria.
Esse conhecimento nos leva a perceber absurdos que aparecem nos chamados filmes de ficção científica. Provavelmente você já assistiu filmes onde são mostrados “combates” entre naves espaciais que, ao explodirem, possibilitam a amigos e inimigos escutarem o “som” da explosão. Como pode ter som se o meio espacial é vácuo?
Muitas vezes falamos “som” e “onda sonora” como se fossem a mesma coisa. É conveniente lembrarmos que todo som é uma onda sonora, mas nem toda onda sonora é som.
Denominamos som apenas às ondas sonoras com freqüências entre 20 hertz e 20.000 hertz (que são capazes de sensibilizar o ouvido humano). Ondas sonoras com freqüências abaixo de 20 Hz são denominadas “infra-sons” e acima de 20.000 hertz, “ultra-sons”. Embora sejam perceptíveis por alguns animais (cachorros e morcegos percebem ultra-sons), essas ondas não sensibilizam o ouvido humano, portanto não as percebemos.
A utilização de ondas ultra-sônicas vem sendo utilizada pelos homens desde 1900, quando o francês Galton inventou um aparelho que emitia e recebia ultra-sons e que foi usado para fins militares (detecção de barcos e submarinos).
Esse aparelho, ainda hoje um exemplo clássico da aplicação de ultra-sons, é o SONAR (sound navigation rancing = localização de navegação pelo som).
Através desse aparelho, emite-se ondas sonoras (ultra-sons) de um barco para o fundo do mar (ou rio, etc). Essas ondas, após refletirem-se no fundo, voltam e são detectadas pelo aparelho. Como se sabe a velocidade de propagação das ondas sonoras na água e determinando-se o tempo entre a emissão e a recepção da onda refletida, pode-se saber a distância entre a fonte emissora e o local onde ocorreu a reflexão. Através disso, pode-se fazer o mapeamento do fundo do mar.
Se você sabe a profundidade em determinado local (basta observar as cartas náuticas) e ao emitir um sinal de sonar percebe que a reflexão ocorreu em menos tempo do que deveria, ou seja, que o sinal refletiu em um ponto acima do ponto da profundidade local, é porque existe algo acima do leito do mar (um cardume de tainhas, por exemplo). Então solta-se a rede...

A natureza já utilizava os sonares muito antes da tecnologia humana os desenvolver. Os morcegos, animais de hábitos noturnos que a maioria das pessoas associa a coisas ruins, como vampiros e monstros, possuem um aparelho óptico muito rudimentar; seus olhos são do tamanho de uma cabeça de alfinete, o que lhes permite distinguir, no máximo, o claro do escuro.
Então, para suas locomoções noturnas e para localizar suas presas ele se utiliza de um dispositivo natural chamado eco-orientação, que funciona como um SONAR. Ele emite ondas sonoras curtas, na faixa do ultra-som, inaudíveis ao ser humano, e depois intercepta o eco dessas ondas refletidas por algum objeto. Por instinto, consegue saber a que distância a onda refletiu, podendo, então, contornar os obstáculos quando se desloca ou atingir sua presa quando for o caso.
Esse sistema do morcego é tão preciso que ele é capaz de “perceber” um arame esticado a sua frente e contorná-lo, mesmo na mais absoluta escuridão.
Quero ver se os humanos serão capazes de um dia atingir essa precisão!

Ainda é bastante grande a utilização de ultra-sons na indústria, na aplicação de soldas mecânicas e até na limpeza de peças e materiais.
Na Medicina, são utilizados desde no exame clínico para diagnóstico até em terapias, como na fisioterapia a base de ultra-som.
Uma das coisas marcantes a qualquer casal é a realização de exames pré-natal onde, através da utilização de ultra-sons, pode-se "ver" o bebê, observar seus movimentos, etc.
É inesquecível!

domingo, 25 de maio de 2008

ILUSÕES DE ÓPTICA

NEM SEMPRE VEMOS O QUE PENSAMOS VER
Autor: Prof. Edson Osni Ramos (Cebola)

Sabemos que, durante a noite, a luminosidade existente nem sempre é suficiente para que nossas células fotossensíveis responsáveis pela visão colorida, os cones, sejam excitadas. Como em nossa retina o número de bastonetes (aproximadamente 120 milhões), responsáveis pela visão "em preto-e-branco", é absolutamente maior do que o número de cones (aproximadamente 6 milhões), é "mais fácil" vermos dessa forma, ou seja, a visão em "preto-e-branco" necessita de menos luminosidade.
No cérebro, a “mensagem luminosa” enviada através do nervo óptico é decodificada, no que denominamos de imagens dos corpos, com suas respectivas cores. Na retina humana, as células fotossensíveis denominadas de cones (receptores de luz) podem captar apenas três tipos de radiações luminosas: luz vermelha, luz azul e luz verde, com suas respectivas combinações, que nos permitem distinguir todas as cores do espectro luminoso.
Por exemplo, se você observa um objeto iluminado por luz branca e cuja cor é azul, apenas os receptores de azul são sensibilizados, de tal forma que o cérebro decodifica a “mensagem” recebida como sendo “cor azul”. Se a cor do objeto for amarela, são sensibilizados os receptores verde e vermelho. Nesse caso, esses receptores captam verde e vermelho, cujas luzes misturadas fornecem a luz amarela. Assim, o cérebro decodifica as radiações incidentes como sendo de cor amarela.
Esse modelo dos três receptores justifica a maioria das situações da visão, porém existem circunstâncias em que ele não explica o fenômeno.
Por exemplo, se você observar a figura ao lado, olhando-a fixamente por uns 30 segundos e, após, fixar seu olhar em uma parede branca, bastante iluminada, vai observar que “aparece” na parede uma outra figura, “diferente” da que você estava observando.
Experimente fazer!
Como explicar o ocorrido?
Dentro do modelo dos três receptores luminosos não é possível.
Há algum tempo atrás, se falava em “fadiga das retinas” para explicar tal fato. Dizia-se que, quando seu aparelho óptico “trabalhava em excesso”, isso podia ocorrer. Mas, essa explicação não justifica o fato o ocorrido.
Assim, também muitos dos “enganos” visuais, as tais “ilusões de óptica”, que são fenômenos mais psicológicos do que físicos, não podem ser explicados pelo modelo dos três receptores de luz.

A figura ao lado representa uma caveira ou uma moça diante de um espelho?



E na figura abaixo, quantas linhas horizontais aparecem?




terça-feira, 8 de abril de 2008

Essas Mulheres e Outras Histórias

Para ver as fotos do lançamento do meu livro, Essas Mulheres e Outras Histórias, entre no site: www.olharcomunicacao.com .
O meu amigo Luiz Carlos Brasil é, realmente, um fotógrafo brilhante.
Obrigado a ele e a todos aqueles que partilharam comigo de um momento especial.
Valeu!
Cebola
PS: o livro está à venda nas Livrarias Catarinense e na banca da rua Tiradentes, nas imediações do Colégio Energia.

quarta-feira, 26 de março de 2008

CLIMA EM TRANSE


No Brasil não existe furacão!
Autor: Prof. Edson Osni Ramos
É isso que ouvimos desde pequenos, porém o que ocorreu em nosso Estado de Santa Catarina, em 26 e 28 de março de 2004, foi a passagem de um furacão.
Esse fenômeno meteorológico, que se formou no sul do oceano Atlântico, ganhou o nome de “Furacão Catarina” (observe a figura ao lado, com foto - Nasa - 26/03/2004 - onde foram assinalados os Estados do sul do Brasil).
Mas, será que algo assim poderá ocorrer outras vezes?
É o que vamos ter que descobrir, só que antes precisamos entender o que houve em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul na ocasião.
De abril a junho, é comum acontecerem ciclones extra-tropicais, que são tempestades com ventos que chegam a alcançar pouco mais de 100 quilômetros por hora e que são responsáveis por ressacas no sul e no sudeste do nosso país.
O furacão Catarina era um desses fenômenos. Porém, no dia 26 de março de 2004, por alguma razão que ainda não foi explicada, o fenômeno ganhou intensidade no mar e veio em direção ao continente com ventos acima dos 150 quilômetros por hora, o que o qualifica como o primeiro furacão a atingir o Brasil. Até então, um fenômeno meteorológico desse tipo nunca tinha sido registrado no Atlântico Sul.
Os pesquisadores estão considerando duas possibilidades: ou isso é um evento raro que só ocorre pouquíssimas vezes ou já é o primeiro sinal das mudanças climáticas que o planeta estaria sofrendo em função da poluição produzida pelo homem.
Só saberemos qual das alternativas é a correta quando mais observações forem feitas. O furacão pegou todo mundo de surpresa, até o mundo científico!
Para alguns cientistas brasileiros, o que houve não foi um furacão, mas um ciclone extra-tropical de maior intensidade. Só que os centros de estudos de furacões do Canadá, dos Estados Unidos e do Reino Unido, que são muito bem equipados e contam com cientistas especializados, qualificaram o fenômeno como furacão. A polêmica surgiu porque um furacão nunca tinha passado pelo Brasil.
Acreditava-se que não havia furacões no Brasil porque, como os ventos sobre o oceano Atlântico são muito fortes, as nuvens, ao se formarem, logo se espalhavam e, assim, as tempestades nunca se transformavam em furacões.
Mas será que isso quer dizer, então, que agora podem aparecer outros?
Na verdade, essa pergunta ainda não tem resposta. Como nunca tinha aparecido um, ainda está muito cedo para fazer esse tipo de previsão.




Mas, o que são os furacões?

Furacões são gigantescas tempestades de ventos, que podem ter até 2.000 km de diâmetro (o furacão Catarina tinha 80 km de diâmetro). Em média, são registrados 100 furacões por ano, porém, a maioria é em alto-mar. São ciclones que, normalmente, ocorrem é áreas tropicais (temperatura da água em torno de 28 ºC). Começam com pequenas tempestades sobre essas águas quentes. Formam-se, então, duas correntes de ar: uma quente e úmida, que se eleva, e outra fria, que é puxada para baixo. A tempestade gira e avança, puxando mais ar úmido do oceano e ganhando mais força. O olho do furacão, espaço de ar seco, sem nuvens, é rodeado por nuvens (cúmulus-ninbus de, até, 15 km de altura).
Os ventos do furacão atingem de 118 km/h até mais de 300 km/h. Os ventos do furacão Catarina atingiram a costa com velocidade em torno de 150 km/h.
Os furacões são tempestades bastante grandes, provocando muitos estragos nas grandes áreas por eles atingidas.

Aqui em nosso Estado de Santa Catarina, de tempos em tempos verificamos a ocorrência de outro fenômeno meteorológico preocupante por ser extremamente perigoso: os tornados.

Os tornados são considerados as mais destrutivas das tempestades na escala de classificação dos fenômenos atmosféricos. Podem acontecer em qualquer parte do planeta, mas são mais comuns nos Estados Unidos da América.
São tempestades de vento e chuva que começam com uma ventania no interior das nuvens. Massas de ar quente e úmido sobem e encontram massas de ar quente e frio que descem. O ar quente passa a girar cada vez mais rápido, formando uma espécie de funil. A massa de ar se projeta para baixo, em direção ao solo, atingindo ventos de até 500 km/h, varrendo tudo o que há pela frente.
Os tornados não duram mais de trinta minutos e a região por eles atingida é muitíssimo menor do que a atingida pelos efeitos de um furacão, porém, nos locais onde passa a destruição pode ser muito maior.
A região sul de Santa Catarina é o local no Brasil com maior registro de ocorrência de tornados, embora, sempre, com pequena intensidade, mas que mesmo assim possuem um grande poder de destruição.
E no dia 2 de março passado, os moradores e banhistas das praias de Palmas, em Governador Celso Ramos, e Jurerê e Canasvieiras, na Ilha de Santa Catarina, levaram um grande susto quando da formação de uma tromba d’água, que se deslocou aproximando-se da Ilha do Arvoredo.
A tromba d’água é um fenômeno com as mesmas características do tornado, porém leva esse nome ao se formar sobre a superfície da água (o tornado é sobre a terra). Nesse caso, uma massa de água sobe até as nuvens, formando uma coluda d’água que lembra a tromba de um elefante. Vem daí o nome: tromba d’água.
É um fenômeno extemamente belo e, ao mesmo tempo, aterrador.
texto: Edson O. Ramos - Cebola
fotos: recebidas por e-mails - sem a indicação do autor

sexta-feira, 7 de março de 2008

3 ANOS SEM CESAR LATTES

No dia 8 de março completaram-se 3 anos da morte, aos 80 anos, em Campinas, São Paulo, do maior físico latino-americano de todos os tempos, o brasileiro César Lates, vitimado por uma parada cardíaca.
Cesare Mansueto Giulio Lattes nasceu em Curitiba, Paraná, em 11 de julho de 1924, era casado com Martha Siqueira Neto Lattes, pai de quatro filhas e avô de nove netos. Sua descoberta mais importante, realizada aos 22 anos, abriu caminho para a nova física de partículas, mostrando que há muito mais coisas nas entranhas do átomo do que prótons, elétrons e nêutrons.
Iniciou o curso primário em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, e concluiu o secundário no Colégio Dante Alighieri, em São Paulo. Aos 16 anos, pelas mãos do pai, encontrou-se com o físico ucraniano (naturalizado italiano) Gleb Wataghin, introdutor da física moderna no Brasil que o aconselhou a aproveitar uma portaria governamental, pular os anos que faltavam e ingressar imediatamente na então Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (USP). Com 19 anos começou a dar aulas como professor-assistente da USP. "Nunca mais fiz curso algum. Daí para frente, o que eu aprendi, aprendi fazendo", orgulhava-se.

Destacou-se tanto na universidade que, ainda aluno, Wataghin e o italiano Giuseppe Occhialini o convidaram a participar de pesquisas teóricas e experimentais.
Em seguida, sob a orientação do grande físico brasileiro Mário Schenberg, dedicou-se a criar um modelo teórico do elétron, supondo uma partícula puntiforme dotada de momento angular. “Depois que consegui acabar, nunca mais me dediquei à física teórica. Decidi virar experimentador", dizia aos seus biógrafos.
Em 1946, apenas três anos depois de formado, partiu para a Inglaterra, para trabalhar com o físico inglês Cecil Frank Powell. Foi participar de um trabalho sobre traços produzidos por partículas subatômicas em certas chapas especiais, espessas e sensíveis, chamadas emulsões fotográficas. Pela análise dos rastros deixados por essas partículas, era possível determinar sua massa, energia e outras propriedades físicas. O trabalho se arrastava há 10 anos, sem resultados importantes. A entrada de Lattes e do italiano Occhialini fortaleceu a pesquisa. Occhialini tratou de conseguir emulsões mais densas, capazes de registrar maior número de eventos. Lattes foi encarregado de calibrar as novas emulsões e descobriu que, quando carregadas com um composto de boro, o bórax, eram capazes de reter o traço das partículas por muito mais tempo.
O jovem cientista brasileiro não se conformava com as baixas energias das partículas então produzidas em laboratório e esperava utilizar as chapas para detectar as partículas muito mais energéticas, presentes nos raios cósmicos que permanentemente chegam à Terra, vindos do espaço exterior. Aproveitando uma viagem de férias de Occhialini ao Pic du Midi, nos Pirineus, convenceu-o a levar dois kits de chapas, um com bórax, outro sem, e expô-los ao intenso bombardeio de raios cósmicos existente naquela altitude. Quando revelaram as chapas, os pesquisadores ficaram boquiabertos com a quantidade de fenômenos registrados nas emulsões carregadas com bórax. Um evento os impressionou em especial. Era o traço de um méson, que diminuía a velocidade e parava, dando origem a um novo traço.

A descoberta de Lattes e Occhialini poderia solucionar o enigma se o estranho traço na emulsão resultasse da transformação de um méson em outro .
Lattes estava convencido disso. Mas os dados obtidos em Pic du Midi, a 2800 metros acima do nível do mar, eram insuficientes para corroborar essa interpretação. O pesquisador precisava de raios cósmicos ainda mais abundantes e energéticos. E descobriu um lugar onde poderia encontrá-los: uma precária estação andina, localizada em Chacaltaya, Bolívia, a 5500 metros de altitude. "Lá, o número de partículas cósmicas é 100 mil vezes maior", explicou.

Na Bolívia, num ar rarefeito e com metade da pressão atmosférica existente ao nível do mar, realizou o experimento que o imortalizou. As emulsões expostas em Chacaltaya revelaram cerca de 30 rastros de mésons duplos. Feitos os cálculos, confirmou-se a existência de dois tipos de partículas com massas diferentes: o corpúsculo secundário foi batizado como méson mi (ou míon); o corpúsculo primário, mais pesado, era algo novo e recebeu o nome de méson pi (ou píon).
Lattes tinha apenas 22 anos quando comunicou, na edição de 25 de maio de 1947 da revista inglesaNature, a descoberta de Pic du Midi. E já tinha completado seu 23º aniversário quando divulgou, em outubro de 1948, os achados de Chacaltaya.
A façanha rendeu a Cecil Frank Powell, coordenador do projeto, o Prêmio Nobel de Física de 1950. Mas foram Lattes e Occhialini os verdadeiros autores do trabalho premiado.

Aos 23 anos, foi um dos fundadores do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, no Rio de Janeiro, instituição na qual também exerceu o cargo de diretor.



Apesar de jamais ter ganho o prêmio Nobel, foi por três vezes indicado para tal honraria.
César Lates, ou, conforme sua certidão de nascimento, Cesare Mansueto Giulio Lattes, foi um indivíduo cujo conhecimento e cultura engrandeceram a raça humana.
Fique com com Deus, professor ...

Edson Cebola

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

NOVA FACULDADE COMO COTISTA

Na próxima semana teremos as matrículas para os calouros da UFSC. Claro que é um momento de grande alegria para todos eles, porém poderemos ter problemas e ressentimentos aflorando no ambiente universitário.
Os cotistas, e já escrevi isso antes, não são os responsáveis pela política implantada na universidade. Foram as autoridades universitárias e um grupo de estudos, com a participação de várias entidades, que levou adiante os estudos sobre a questão, que culminou com a implantação do projeto de ações afirmativas, cujo parte mais visível para a sociedade é a política de cotas.
Portanto ninguém tem o direito de discriminá-los!

Nesta semana, dois acontecimentos marcaram meu cotidiano, em relação ao tema.
Uma linda e querida aluna, pessoa de origem muito simples (pobre mesmo!), mulata, portanto de origem “afro-descendente”, estudiosa e esforçada, mostrou-me seu relatório do vestibular da Ufsc. Fez para enfermagem, mas não aderiu à política de cotas raciais, a qual, de acordo com o edital do concurso vestibular, tinha direito.
Não se classificou, porém, se tivesse aderido à referida política, poderia passar até em medicina.
Outro contato foi com um vestibulando de direito, não cotista, aprovado para a turma de agosto.
Pois diz ele que uma de suas colegas de turma será uma jovem senhora, funcionária pública federal, já formada na UFSC administração de empresas e que agora, como cotista, vai ingressar em direito.
Pois eis algo que os nobres colegas que estudaram o projeto em momento algum pensaram: alguém já formado na própria UFSC pode voltar para a mesma instituição, para cursar nova faculdade, e ainda como cotista?!
Com todas as dificuldades de falta de vagas no ensino superior público, é justo alguém fazer um curso e, depois, retornar e fazer outro?
E isso sem pagar nada, ou seja, com todos nós pagando seus estudos.
É legal, sei bem disso, porém é justo?!
E ainda como cotista!

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

DESEMBARGADOR SUSPENDE LIMINAR CONTRA AS COTAS NA UFSC


Ontem, 31 de janeiro, quinta feira, quando uma chuva diluviana se abateu sobre nossa Ilha-Capital, tornando-a quase um arquipélago, outra notícia fez aumentar a indignação de muitos: o desembargador Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, do Tribunal Regional Federal da 4ª região, em Porto Alegre, suspendeu, por despacho, a liminar contra a política de cotas implantada na UFSC.
Contrariando a decisão do juiz federal Gustavo Dias de Barcellos, que atendera ao Ministério Público Federal e havia deferido o pedido de liminar que ignorava a política de cotas na UFSC, o desembargador alega que “o interesse particular não deve prevalecer sobre a política pública”. Ele considera “simplismo” considerar que a Constituição proíbe discriminação por raça ou cor; o que é proibido é a intolerância em relação às diferenças.
Será que todos os desembargadores concordam com ele e emitiriam tal decisão?
Não sei se você, leitor, é como eu: simples mortal que tenta acreditar na justiça e na verdade. Então um pedido de liminar cai na mão de um juiz e ele toma uma decisão. Vai para outro juiz e a decisão é oposta. Não é apenas diferente, é oposta.
Claro, somos todos humanos e, assim, cada qual tem sua maneira de pensar e de interpretar. Pois é, somos todos humanos, ou seja, só existe a raça humana. Então não é estranho falarmos em diferenciação por raça.
Não sejamos hipócritas, é claro que existe preconceito em nossa sociedade. Mas ele é muito mais social do que racial.
É necessária a aplicação das chamadas “ações afirmativas”. E elas já foram iniciadas, embora de forma tímida. Os cursos “pré-vestibular” comunitários e as ações de descontos e bolsas de estudo tomadas por várias instituições particulares são um exemplo.
O que é necessário e urgente é a maior aplicação de recursos no ensino fundamental e médio da escola pública.
Desde sempre, nosso Estado de Santa Catarina é discriminado pela União, também no que tange ao ensino público universitário. Como exemplo, temos, em Santa Catarina, apenas duas instituições universitárias públicas (UFSC e UDESC). E em apenas uma delas (UFSC) existem cursos de medicina, direito e odontologia. No Rio Grande do Sul existem seis universidades federais (em cinco delas existem cursos de medicina e em quatro, cursos de odontologia e direito). No Paraná existem cinco universidades públicas (quatro com medicina e odontologia e as cinco com direito).
Observem que não há outro argumento para isso (a relação de população não é essa) que não seja a incompetência (e/ou negligência) de nossos governantes e legisladores. E, claro, de nós todos, que como sociedade civil elegemos tais indivíduos.
Então temos jovens que se esforçam, dedicam-se ao máximo para ingressar em um curso superior de qualidade, conseguem obter a pontuação necessária para entrar e são barrados pela política de cotas. Perdendo a vaga para outro que obteve pouco mais da metade de pontos (em medicina, um não cotista com 81,03 pontos – 84,44% da prova – não foi classificado, enquanto um cotista com 44,33 pontos – 46,17% da prova – foi classificado e vai ingressar na UFSC em agosto).

Claro que o vestibulando cotista não é o culpado pela situação. E não pode, de forma alguma, ser discriminado em sua atividade acadêmica. Provavelmente muitos alunos (não todos) que foram preteridos em função das cotas, se pudessem também teriam aderido à essa política.

E, óbvio, ninguém pode duvidar da capacidade humana e achar que os cotistas com menor pontuação não vão conseguir acompanhar o nível das aulas. Lembrem-se da frase de Ho Chi Min (líder vietnamita): “Quanto maior a tempestade, maior a possibilidade do pinheiro e do cipreste em mostrar sua força estabilidade”.
Só se tem noção da capacidade de um humano quando o mesmo tem a necessidade de provar alguma coisa, de conseguir algo.
Mas, claro, sabemos que alguns vão necessitar de um acompanhamento extra-classe para conseguir um rendimento satisfatório nas atividades de sala de aula.

E, para finalizar, ao participar de debates na TV na última semana, ouvi muito uma expressão para justificar as cotas: “discriminação positiva”. Mas, positiva para quem?

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

DECISÃO DE JUIZ FEDERAL É CONTRÁRIA À POLÍTICA DE COTAS DA UFSC

Em 18 de janeiro passado, atendendo ação proposta pelo Ministério Público Federal, foi publicado no site do Tribunal Regional Federal (http://www.trf4.gov.br/) a decisão o juiz federal Gustavo Dias de Barcellos, da qual selecionei alguns trechos, colocados a seguir.
Diz o Magistrado em sua decisão: Ante o exposto, defiro a antecipação de tutela para determinar ao Magnífico Reitor da UFSC que garanta as vagas e conceda o direito de matrícula e freqüência às aulas a todos os candidatos que tenham alcançado a pontuação mínima exigida para a classificação, ignorando-se a preferência concedida pela Resolução Normativa nº 008/2007, ou seja, ignorando-se a política de ações afirmativas (cotas) implantada.
Em sua decisão, o Juiz ainda citou: A ciência contemporânea aponta de forma unânime que o ser humano não é dividido em raças, não havendo critério preciso para identificar alguém como negro ou branco.
Ainda diz o Juiz: Não existindo raças, e presente a circunstância de que no Brasil a população resulta da imigração de diversas origens e sua miscigenação, com que autoridade científica a tal “Banca de Validação da Auto-Declaração estabelecida no art. 14 da referida Resolução poderá apontar quem é negro e quem não é?
Outro detalhe que chama a atenção na decisão, é sobre a autonomia das universidades. Diz o Juiz: ... estando a autonomia administrativa da Universidade restrita ao seu próprio funcionamento, não podendo estabelecer direitos ou impor vedações de forma discricionária.
E agora ?

Se você quer mais detalhes, entre em http://www.trf4.gov.br/, na Ação Cível Pública Nº 2008.72.00.000331-6/SC.
Prof. Edson O. Ramos (Cebola)

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

POLÍTICA DE COTAS NA UFSC

Consultando o site da Universidade Federal de Santa Catarina (http://www.coperve.ufsc.br.), observa-se algo que nos faz pensar: a política de ações afirmativas implantada no último vestibular, ou seja, a implantação de cotas, é algo justo?
Claro, historicamente, percebe-se que a quantidade de alunos negros em nossas universidades públicas é percentualmente menor do que a população negra.
Claro que o ensino público – para negros, brancos, amarelos, etc. – é defasado, culpa de uma política educacional criminosa, implantada desde sempre em nosso país.
Agora o governo vem com paliativos: cotas sociais e raciais e o pró-uni.
É a história do indivíduo que está parado em um semáforo e vê uma criança maltrapilha, mendigando. Uma cena triste e cruel, que fica impregnada na retina.
O que faz o governo para acabar com isso? Simplesmente tira o semáforo. Pronto, ninguém mais vai ver a criança ali.
É a política de cotas.
Qual a diferença entre o negro pobre e o branco pobre?
Analisando os resultados, é estarrecedor.
O último classificado em odontologia (pela cota racial) obteve apenas 29,71 pontos. De 96 possíveis!
Com esse resultado, se não existisse esta política, não seria aprovado em nenhum curso do vestibular Ufsc’2008.
Em Medicina, onde a primeira colocada geral obteve 91,68 pontos de 96 possíveis, o último classificado sem a política de cotas obteve 81,04 pontos. Nas cotas de oriundos da escola pública, o primeiro classificado obteve 80,87 pontos e o último, 70,35 pontos. E nas cotas raciais, o primeiro classificado obteve 63,90 pontos e o último, apenas 44,33 pontos.
Esse último classificado em Medicina, se não existisse a política de cotas, seria aprovado apenas nos cursos de Biblioteconomia, Letras (Alemão e Português), Licenciatura em Matemática, Pedagogia e Serviço Social.
E, para finalizar: tivemos, no ano passado (2007), um aluno que cursou todo o ensino fundamental em uma escola pública do norte da Ilha e as duas séries iniciais do ensino médio em uma escola pública do centro de Florianópolis. Como o aluno era muito bom, quando foi fazer a terceira série do ensino médio, a família conseguiu um desconto de 50% nas mensalidades e ele cursou uma escola particular. Os outros 50% foram pagos (absolutamente em dia) pela família – pai, irmão mais velho e padrinho. Este aluno, que não pode ser incluído na política de cotas - não cursou todo o ensino fundamental e médio em escolas públicas - obteve mais de 80 acertos no vestibular, mas não se classificou para Medicina, sua meta.
E um outro entrou com 44,33 pontos.
É justo??

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

ORIGEM DE EXPRESSÕES ATUAIS

Quando se fala em Paris, o Palácio de Versailles faz parte de qualquer itinerário apresentado por guias ou folders da cidade-luz. Mas. você sabia que o palácio, embora suntuoso, não possui banheiros?
É que, quando da sua construção, isso era o habitual.
Na Idade Média não existiam dentifrícios ou escovas de dente, perfumes, desodorantes, muitos menos papel higiênico. Assim, as excrescências humanas eram despejadas pelas janelas do palácio.
Em dias de festa, a cozinha do palácio conseguia preparar banquete para 1.500 pessoas, sem a mínima higiene.
Vemos, nos filmes de hoje, as pessoas sendo abanadas, durante as festividades ou momentos de descanso e lazer.
A explicação não está no calor, mas no mau cheiro que exalavam por debaixo das roupas (que propositalmente eram feitas para conter o odor das partes íntimas, já que não havia higiene).
Também não havia o costume de se tomar banho, devido ao frio e à quase inexistência de água encanada. O mau cheiro era dissipado pelo abanador.
Por isso, os ricos tinham lacaios para abaná-los, para dissipar o mau cheiro que o corpo e a boca exalavam, além de, espantar moscas e outros insetos.
Quem já esteve em Versailles deve ter admirado os enormes e belos jardins que, em outros tempos, não eram só contemplados, mas "usados" como vaso sanitário nas famosas baladas promovidas pela monarquia, já que não existiam banheiros.
Na Idade Média, a maioria dos casamentos ocorria no mês de junho (para eles, o início do verão). A razão é simples: o primeiro banho do ano era tomado em maio, com a proximidade do verão e de temperaturas mais elevadas. Assim, em junho, o cheiro das pessoas ainda era tolerável. Entretanto, como alguns odores já começavam a incomodar, as noivas carregavam buquês de flores, junto ao corpo, para que, com o aroma das flores, disfarçar o mau cheiro.
Daí temos a explicação para ser maio como o "mês das noivas". E a origem do buquê de noiva.
Os banhos eram tomados numa única bacia, enorme, cheia de água quente. O chefe da família tinha o privilégio do primeiro banho na água limpa. Depois, sem trocar a água, vinham os outros homens da casa, por ordem de idade, as mulheres, também por idade e, por fim, as crianças. Os bebês eram os últimos a tomar banho.
Quando chegava a vez deles, a água da bacia já estava tão suja que era possível "perder" um bebê lá dentro.
É por isso que existe a expressão em inglês: "don't throw the baby out with the bath water", ou seja, literalmente, "não jogue fora o bebê junto com a água do banho", que hoje eles usam para brincar com indivíduos muito apressados.
O telhado das casas não tinha forro e as vigas de madeira que os sustentavam eram o melhor lugar para os animais - cães, gatos, ratos e besouros se aquecerem. Quando chovia, as goteiras forçavam os animais a pularem para o chão. Assim, a expressão "está chovendo canivete" tem o seu equivalente em inglês em "it's raining dogs and cats " (está chovendo cães e gatos).
Aqueles que tinham dinheiro possuíam pratos de estanho.
Certos tipos de alimento oxidavam o material, fazendo com que muita gente morresse envenenada. Os tomates, sendo ácidos, foram considerados durante muito tempo sendo venenosos.
Os copos de estanho eram usados para beber cerveja ou uísque. Essa combinação, às vezes, deixava o indivíduo desacordado (numa espécie de narcolepsia, induzida pela mistura da bebida alcoólica com óxido de estanho).
Alguém que o observasse poderia pensar que ele estivesse morto e, assim, recolhia-se o corpo e preparava-se o enterro.
O corpo era, então, colocado sobre a mesa da cozinha por alguns dias e a família ficava em volta, em vigília, comendo, bebendo e esperando para ver se o "morto" acordava ou não. Daí surgiu o hábito de “velar o morto”, que é a vigília junto ao caixão.
Na Inglaterra, os cemitérios eram pequenos, nem sempre havia espaço para se enterrarem todos os mortos. Então, quando alguém morria, os caixões enterradoa há mais tempo eram abertos, os ossos retirados e postos em ossários e o túmulo utilizado para outro cadáver.
Às vezes, ao abrirem os caixões, percebia-se que havia arranhões nas tampas, do lado de dentro, o que indicava que aquele morto, na verdade tinha sido enterrado vivo. Surgiu, assim, a idéia de, ao se fechar o caixão, amarrar uma tira no pulso do defunto, passá-la por um buraco feito no caixão e amarrá-la a um sino.
Após o enterro, alguém ficava de plantão ao lado do túmulo, durante uns dias.
Se o indivíduo acordasse, o movimento de seu braço faria o sino tocar. E ele seria "saved by the bell", ou "salvo pelo gongo", expressão usada por nós até os dias de hoje.
Pois é, isso são coisas dos civilizados europeus!
Texto adaptado de material que circula na Internet - autor desconhecido

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

ROCK IN RIO

Na próxima sexta feira, 11 de janeiro, completam-se vinte e três anos de um final de semana memorável: o ROCK IN RIO de minha juventude.
Em janeiro de 1985 a ditadura militar estava em seus estertores. O novo Presidente da República seria Tancredo Neves, um experiente político mineiro, ex-ministro do governo Vargas e primeiro-ministro do presidente Jango. Acabou não assumindo e, então, tivemos de suportar a tragédia do governo Sarney. Lembram-se?
Mas, em 1985, nossos cabelos ainda existiam, e eram longos. Nossas barrigas, apenas uma ameaça para o futuro.
Mas, nossos sorrisos eram os mesmos de hoje.
Será que é mesmo assim, ou é apenas como queríamos que fosse?
Certamente somos de uma geração felizes!
Claro que hoje não posso queixar-me da vida e da sorte. O Criador foi muito generoso comigo, mas em 1985, corríamos, pulávamos, dançávamos e como bebíamos! Dor nos joelhos, colesterol e triglicerídeos eram termos nada representavam.
Nossos filhos, nossos sonhos, apenas começavam, em 1985.
Claro que ainda sou jovem. Na balança da vida o prato que contém meus sonhos e aspirações ainda pesa mais do que o que contém as recordações e saudades.
Mas o tempo passou. A ditadura dos milicos se foi, com sua nefasta corja de corruptos. Porém, outros vieram.


Muitos dos meus ídolos, daqueles loucos anos, também já partiram: Raul Seixas, Freddie Mercury, Carlos Drumond de Andrade, Tom Jobim, o físico Richard Feynman, o ator Mário Lago.
Zico parou de jogar. Cazuza é apenas uma lembrança.
Mas, temos renovação. Muitos novos surgiram. Nossos filhos cresceram. Nossos relacionamentos amadureceram e frutificaram. Que bom!
Que nossos filhos sejam muito felizes nessa época maravilhosa de suas vidas, onde tudo é intempestivo, é oito ou oitenta. Que usem a juventude como uma aliada ao crescimento, à vida.
Mas, que saudade do Rock in Rio’85, o da nossa juventude!
Que saudade da minha turma, do Paulinho, do Odilon, do Fedelho, do Murilo, do Frango, do João, do Sidney, do Sérgio, do Elias, do Siqueira, da Suzete, da Cleoci, da Isa e de tantos outros.
E pensar quemuitos deles já se foram!
Que saudade de Judas Priest, AC/DC, Ozzy, Scorpions, Def Leppard, Yes, QUEEN (Freddie Mercury), James Taylor, Irom Mayden.

Edson Cebola

O IMPEDIMENTO NO FUTEBOL

No início de fevereiro de 2005, após quase dois anos, novamente ocorreu o “grande” clássico do futebol catarinense: FIGUEIRENSE x AVAÍ. Aliás, esse jogo perdeu muito de seu carisma, em função de que um time está na elite do futebol brasileiro e o outro .... Bem, mas isso não vem ao caso, já que no jogo seguinte eles nos “golearam” por 1x0, lá na naquele campo de difícil acesso e cheio de mosquitos.
Mas, voltando ao jogo onde o empate de 1 x 1 foi bastante comemorado pelos avaianos, houve um lance de gol anulado do Figueirense. Uma bola alçada na área por um jogador do Figueirense e cabeceada pelo centroavante Felipe Oliveira. Se após lançada ela ela bateu na cabeça de um atleta do próprio Figueirense (no caso, Wagner Almeida), Felipe estava em impedimento, se não bateu, o gol foi legal. O juiz, atendendo ao aceno do bandeirinha anulou o gol, o que gerou polêmica.
Os comentaristas esportivos, mesmo com os recursos da televisão, não chegaram a um consenso. Afinal, foi ou não impedimento?
No instante do lançamento, Felipe Oliveira estava na posição “A”, quando cabeceou para o gol, na posição B. Se a bola chegou a tocar em Wagner, o gol foi ilegal. Mas, como o juiz poderia saber? Se, mesmo com os recursos da televisão, não se chegou a uma conclusão, como será que o bandeirinha viu?
Em toda partida é sempre a mesma história: o árbitro e seus auxiliares marcam o impedimento e a torcida do time afetado se revolta. Se a televisão mostra o lance quadro-a-quadro e verifica-se que a infração não aconteceu, até a mãe do juiz entra na pauta.
Para o médico espanhol Francisco Maruenda, do Centro de Saúde de Alquerías, em Murcia, os árbitros de futebol e seus auxiliares não podem ser considerados culpados. Em artigo publicado no British Medical Journal (BMJ), o médico utilizou cálculos simples, baseados na fisiologia ocular, para concluir que o olho humano é incapaz de processar todas as informações necessárias para aplicar a regra impedimento.
A identificação do impedimento exige que o árbitro e seus assistentes enxerguem os últimos movimentos de cinco objetos e, ao mesmo tempo, determinem a posição de um em relação ao outro. Eles devem ter a bola como ponto fixo e, simultaneamente, ver a posição dos dois atacantes mais avançados e dos dois últimos jogadores da defesa.
Sabemos que, em média, o olho humano leva 0,041 segundos para diferenciar um sinal luminoso (imagem) de outro. É por isso que no cinema e na televisão as imagens mudam a cada 0,041 segundos, dando a quem está assistindo a sensação de continuidade.
Porém, isso é para quando se olha em uma mesma linha reta, ou seja, para um mesmo ponto fixo. Não é o caso do árbitro e seus auxiliares.
Para apontar a infração, o juiz precisa, no mínimo, enxergar o jogador que conduz a bola, identificar o atacante mais adiantado que irá receber o passe e o penúltimo defensor. Isso demora, no mínimo, 0,420 segundos (o tempo decorrido entre a percepção de uma imagem e outra, quando se muda a posição do objeto focado, é entre 0,210 a 0,280 segundos).
O problema é que, nesse intervalo de tempo, muitas mudanças podem acontecer. Um jogador de futebol corre em média 100 metros em 14 segundos, ou 3 metros em 0,20 segundos, o suficiente para comprometer o julgamento do árbitro.
Assim, era humanamente impossível para o árbitro, e muito menos para o seu auxiliar, que estava mais distante, detectar se o gol de Felipe Oliveira foi ou não em impedimento.
Quando a norma do impedimento surgiu, em 1886, não se conhecia nada de fisiologia ocular. As primeiras informações sobre isso datam de 1903.
O médico Maruenda enviou suas conclusões para a Fifa (Federação Internacional das Associações de Futebol) e sugeriu que o impedimento seja banido ou que se passe a usar o vídeo para detectá-lo. "O uso da tecnologia moderna - como o congelamento de imagens e a análise quadro-a-quadro - é recomendável para limitar os erros", conclui em seu artigo, publicado na edição de 18 de dezembro de 2004 da BMJ.
Talvez, com o fim da regra do impedimento, possamos ter arbitragens mais competentes em jogos de futebol. E isso não se refere apenas ao campeonato catarinense. Todos devem ainda estar lembrados das últimas Copas do Mundo, em 2002 e 2006, onde os erros de arbitragens foram absurdamente comprometedores em algumas partidas.


PAULISTAS EM FLORIANÓPOLIS – HISTÓRIA ANTIGA!

Dia 23 março de 2008, Florianópolis comemora seu 282º aniversário de emancipação política, quando o povoado foi desmembrado de Laguna e elevado à categoria de vila (Nossa Senhora do Desterro - 23 de março de 1726).

Localizada na Ilha de Santa Catarina e também ocupando uma parte continental, nossa cidade desenvolveu-se bastante nesses últimos anos mas, felizmente, ainda possui muito da terrinha dos manezinhos, que muitos cantam e a todos encanta.

Quem "batizou" nossa ilha como "Ilha de Santa Catarina" foi o italiano Sebastião Cabotto, que após servir aos reis de Espanha foi trabalhar para os ingleses. Foi o "descobridor" da América do Norte em 1497 e, segundo mapas feitos por Juan Dias de Solis, em 1519 deu o nome de "Ilha de Santa Catarina" a então denominada Mei-em-bipe (Ilha dos Patos, no idioma dos carijós).
Coube a um bandeirante paulista, Francisco Dias Velho, a honra de ser o fundador de nossa bela cidade. Dias Velho foi um dos pioneiros da colonização da Ilha de Santa Catarina e suas lutas contra os invasores, bem como sua morte épica, ficaram marcadas na história de nossa terra.
Dias Velho chegou à ilha em 1675, para fundar o povoado e impulsionar o surgimento da cidade que viria se chamar Desterro. Segundo alguns historiadores, o desbravador, com fama de sanguinário, veio acompanhado da esposa, cinco filhos (três mulheres e dois homens), dois padres da Companhia de Jesus (jesuítas) e centenas de índios “domesticados”. Com isso, iniciou a ocupação e exploração da terra quase virgem.
Na época, o vasto território, separado do resto do país por uma baía, era habitado basicamente por índios Tupi-Guarani. O bandeirante veio ocupá-lo de olho nos lucros que poderiam advir da escravidão dos índios e da exploração de pedras preciosas. Por este motivo, a ilha também era alvo de ataques de piratas de várias nacionalidades.
Em 1687, um navio pirata proveniente do Peru atracou em Canasvieiras com um carregamento de prata. Dias Velho não só expulsou os invasores, como também ficou com a carga. Um ano depois, a vingança: o comandante do navio, Robert Lewis, voltou, invadiu a casa do colonizador, violentou suas três filhas, retomou sua prata e matou velho bandeirante. A família de Dias Velho concluiu a construção de uma capela - onde hoje está erguida nossa Catedral Metropolitana - e voltou para São Paulo.
Dias Velho é considerado o fundador de nossa cidade.

Após a morte de Dias Velho, intensificou-se o fluxo de exploradores paulistas para o sul do Brasil, que ocuparam vários pontos do litoral. Em 1726, o povoado de Nossa Senhora do Desterro é elevado à categoria de vila, a partir de seu desmembramento de Laguna.

A Ilha de Santa Catarina, por sua posição estratégica, passou a ser ocupada militarmente a partir de 1737, quando começam a ser erigidas as fortalezas necessárias à defesa do seu território. Esse fato resultou num importante passo na ocupação de nossa futura capital.
Com a ocupação, prosperaram a agricultura e a indústria manufatureira de algodão e linho, permanecendo, ainda hoje, resquícios desse passado, no que se refere à confecção artesanal da farinha de mandioca e das rendas de bilro.
A partir da metade do século XVIII, verifica-se a implantação das denominadas armações para pesca da baleia, em Armação da Piedade – hoje no município de Governador Celso Ramos e Armação do Pântano do Sul, na Ilha de Santa Catarina. O óleo de baleia constituía-se em importante produto que era comercializado pela Coroa fora de Santa Catarina, não trazendo benefício econômico à região.

Em 1823, a Vila de Nossa Senhora do Desterro foi elevada à categoria de cidade e tornou-se capital da Província de Santa Catarina.
Esse fato resultou em período de grande desenvolvimento para a região. Projetou-se a melhoria do porto já existente, a construção de edifícios públicos e outras obras urbanas. A modernização política e a organização de atividades culturais também se destacaram, marcando inclusive os preparativos para a recepção ao Imperador D. Pedro II, que aqui esteve em 1845. Em outubro desse ano, ancorada a embarcação imperial nos arredores da ilha, D. Pedro permaneceu em solo catarinense por quase um mês.

Quanto ao nome atual, Florianópolis, foi fruto de tentativas de se agradar ao governo federal, quando da Revolução Federalista de 1893. O sanguinário interventor Moreira Cesar fazia e acontecia, trucidando nossa elite intelectual. Numa tentativa (frustrada) de se evitar uma série de fuzilamentos (na fortaleza de Anhatomirim), onde morreram vários ilustres conterrâneos, o governo estadual tentou negociar mudando o nome da cidade, então Nossa Senhora do Desterro, para Florianópolis. Era uma "homenagem" ao ditador Floriano Peixoto, que nada tem a ver com nossa terra e nossa gente. Mais justo e coerente seria homenagear Dias Velho!

Em 1979, o Presidente da República, João Figueiredo, quando em visita a nossa cidade, "presenteou-nos" com um busto de Floriano Peixoto.
O que ocorreu a seguir já virou história. O busto foi arrancado do pedestal (na praça XV de novembro) e arrastado em praça pública por estudantes e populares, sob olhares perplexos dos militares e governantes da época.
O dia deste acontecimento foi 30 de novembro de 1979, e se constituiu em parte do que ficou na história como a "Novembrada de Florianópolis". Mas isto já é outra história.
Em agosto de 2001 foi inaugurado o Elevado Dias Velho, próximo à cabeceira insular das pontes Pedro Ivo e Colombo Sales, na entrada da Ilha de Santa Catarina.
É mais uma obra que vem facilitar a vida dos florianopolitanos e daqueles que nos visitam. E uma homenagem ao pioneiro Dias Velho.
Ainda em relação ao nome atual de nossa cidade, Florianópolis, recuso-me a creditá-lo de acordo com sua origem etmológia: cidade de Floriano. Prefiro que se diga que FLORIANÓPOLIS é simplesmente: CIDADE DAS FLORES.
Pois é, esta história de paulistas vindo para nossa terra já é algo antigo!

Autor: Prof. Edson Osni Ramos (Cebola)

ACIDENTE DA TRANSBRASIL

O sábado, 12 de abril de 1980, foi um dia nublado que se transformou em uma noite chuvosa. Estávamos em Pinheiral, município de Major Gercino, na casa que o Colégio Catarinense lá mantém até hoje, com um grupo de alunos do ensino médio do referido colégio.
Naquela época, em Pinheiral não havia telefone. Também não tínhamos aparelho de televisão na casa, assim, realmente estávamos em “outro mundo”, participando de uma atividade pedagógica muito especial.

À noite, após atividades apenas dentro de casa, pois não havia ginásio de esportes nem outro ambiente que permitisse atividades com aproximadamente 40 alunos fora da mesma, fizemos a nossa “reunião da noite” e ficamos conversando. Brincando, cantando, tocando violão. Éramos senhores de nosso tempo.

Na ocasião, eu era o coordenador da atividade, como professor do Colégio Catarinense. Tinha recém completado 23 anos. Conosco estava um ser maravilhoso, o amigo Padre Guido Sthäl, jesuíta, na época com quase 50 anos. Os alunos e alunas tinham idades entre 14 anos e 19 anos, portanto éramos um grupo bastante jovem, com a presença de vários adolescentes.
No dia seguinte, domingo, pela manhã tivemos uma das atividades mais esperadas pelos alunos: uma partida de futebol contra o time de moradores de Pinheiral. Durante o jogo começaram alguns cochichos, com pessoas de Pinheiral falando que tinha acontecido um acidente em Florianópolis. Ao tentar inteirar-me do ocorrido, descobri que alguns dos sobre-nomes das pessoas acidentadas eram de alunos que lá estavam.

Fogo na mata indicava o local da queda do aviãoE agora?
Na volta, todos já sabiam que um avião tinha caído em nossa capital, mas não imaginávamos a tragédia ocorrida. Apenas ao chegarmos ao colégio, em torno das 19 horas, é que descobrimos a intensidade do acontecido.

Na noite anterior, sábado, 12 de abril de 1980, um avião da Transbrasil, cujo vôo tinha começado em Belém e depois veio fazendo escalas em muitas outras capitais, com cinqüenta passageiros e oito tripulantes, havia colidido com o “Morro da Virgínia”, em Ratones, no interior da Ilha.
Segundo consta, o avião havia sobrevoado o aeroporto, preparando-se para aterrissar, quando foi solicitado que fizesse mais uma volta e aterrissasse após alguns minutos.
Trágicos minutos!

Como era uma noite de sábado, muitos parentes e amigos tinham ido ao aeroporto esperar os que vinham naquele vôo. Assim, quando o avião foi fazer mais uma volta e não retornou, o desespero foi grande.

Dois minutos antes da queda o comandante da aeronave entrou em contato com a torre do aeroporto, e nenhuma informação sobre condições ruins da aeronave foram passadas. Supõe-se que, no instante da colisão, o avião estivesse com velocidade de 600 km/h. Se sua altura fosse 80 metros mais do que era, certamente teria passado sobre o morro e nada teria ocorrido.
Alguns instantes após a torre perder o contato, via radar, com a aeronave, o Comando de Busca Salvamento da Base Aérea de Florianópolis foi acionado. Um helicóptero foi enviado para a região e logo localizou o clarão na mata no alto do morro, indicando que acontecera o pior.

Mas, quando algumas horas depois as equipes de salvamento chegaram ao local, mesmo os mais pessimistas se surpreenderam com a tragédia.

Apenas quatro pessoas sobreviveram ao acidente. E uma delas veio a falecer, dias depois, no Rio de Janeiro. Noventa por cento dos passageiros do vôo eram de Florianópolis. Ou era aqui seu destino, naquela noite.

Um pedaço do avião – apenas na manhã seguinte foi possível ver a dimensão da tragédia.Quando a lista de passageiros foi divulgada é que se dimensionou a tragédia.
Médicos, engenheiros, advogados, professores, líderes sindicais, juízes, comerciantes e pessoas da sociedade constavam da relação.

Muitas pessoas tentaram subir o morro para prestar ajuda, para levar cobertores para os sobreviventes, que se esperava fossem vários. Parentes desesperados, amigos e curiosos, enfrentaram a noite e o lamaçal, mas apenas uns poucos chegaram ao local do acidente, onde encontraram vivos o casal Cleber e Marlene Moreira, que não eram de Florianópolis e que perderam o filho no acidente, Flávio Barreto e a médica Denise Moritz Pereira, que morreu dias depois.

Domingo: a cidade enterrando seus mortosOs outros se foram. Quando, no domingo, os corpos identificados (a maioria dos corpos estava carbonizada e muito mutilados) começou a sair do instituto médico legal para o sepultamento, a cidade parou. E chorou!
Nós, professores, perdemos vários colegas, como o professor de Matemática da UFSC, Walter Castelan, e o colega Rômulo Coutinho de Azevedo, médico e Professor de História (e que professor!) do Curso Barriga Verde – pré-vestibular.

De quando em quando me pergunto: e se o avião estivesse 80 metros mais alto? E se o acidente não tivesse ocorrido?

Até hoje muitas histórias desse acidente não foram explicadas. Foi falha humana realmente? Dizem que não era o comandante que estava pilotando aeronave. Será?!

Tem ainda a história de uma maleta com jóias, que um joalheiro aqui estabelecido trazia de São Paulo, que depois sumiu. Ela foi achada?

Mas isso não importa nada para quem perdeu algum ente querido naquele acidente.

Autor: Edson Osni Ramos (Cebola)
Fonte: O Estado, edição de 14 de abril de 1980