O pensamento aristotélico era tão forte que ainda hoje estudamos esse filósofo.
Até o desenvolvimento das lunetas, no século XVII da era cristã, os planetas conhecidos no Sistema Solar, além da Terra, eram Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno. Além deles, o Universo conhecido continha ainda a Lua, o Sol e as demais estrelas visíveis, tendo a Terra como o centro de tudo. Segundo se acreditava, aqui na Terra a matéria se deteriorava e morria. Porém fora da Terra tudo era imutável, "imortal". Era essa "imortalidade" que exercia influência sobre nós. Dessa maneira, olhando para o firmamento os indivíduos começaram a associar os astros com a buena suerte ou a mala suerte do nosso dia-a-dia.
Quando na época do Império Romano os estudiosos definiram o calendário Juliano, colocaram os dias em grupamentos de sete (semana), de tal maneira que cada dia era uma homenagem à influência que os astros exerciam sobre nós. Esta "homenagem" está no nome dos dias, que se relacionam com os astros conhecidos, segundo a influência que cada um deles exercia e não tinha correlação com a distância que estavam de nós.
Então surgiram os nomes dos dias da semana (observe a "coincidência" nos nomes em inglês e espanhol):
Mesmo com o Renascimento e toda mudança na ordem do pensamento, a Astrologia ainda perdurou.
Desde sempre, a maioria absoluta dos indivíduos que se destacavam na Ciência era oriunda de famílias ricas ou então eram adotados por algum mecenas e podia viver tranqüilamente sem a necessidade de se preocupar com o "final do mês". O alemão Joahnnes Kepler (1571-1630) foi uma exceção.
Sua condição familiar e financeira não lhe permitia o "sossego" que outros tiveram. Precisava dar aulas para ganhar a vida e, não obstante todo seu belo trabalho dentro da Astronomia (lembre-se das Leis de Kepler e da sua obra Harmonias do Mundo, que correlaciona a matemática do movimento dos planetas às escalas musicais), começou a fazer mapas astrológicos, que com sucesso foram vendidos à burguesia da época e até mesmo a elementos do clero.
Só que segundo uma "lenda", Kepler, pouco antes de morrer, afirmou que "todos os mapas astrológicos ou dados relacionados a isso tinham sido apenas uma maneira de ganhar a vida".
Pedia desculpas a todos aqueles que "tinha ludibriado com tais crendices", salientando que, "felizmente já está chegando a época em que o mundo não possuirá mais incautos que se deixam enganar por coisas como magia e astrologia".
Parece que não foi em tudo que Kepler acertou ...
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Fonte: RAMOS, Edson Osni. Crônicas de Física: A física do cotidiano. Florianópolis: Pascal, 2000.
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Um comentário:
Olá Cebola,
Em outra oportunidade em que abordaste as teorias de Kepler e dissesse que ele vendia mapa astral furado, mas pediu perdão, eu fiz um post sobre a Mãe Diná. Hoje ele não precisaria fazer isso e sim dar o nome de mapa astral as pesquisas de políticos em época de campanha pois todo mundo compra mas acredita que pode estar errada.
Um abraço
Paulo Coelho
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