sábado, 19 de junho de 2010

COPA DO MUNDO 2010 - 1

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COPA DO MUNDO 2010 - 1
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Autor: Edson Osni Ramos (Cebola)
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Época de Copa do Mundo!
Como sempre, todos nós brasileiros mostramos que entendemos mais de futebol do o técnico de nossa seleção. Mesmo até quem nunca acompanha futebol, não deixa de dar uns “pitacos”, querendo ajudar, “é óbvio”.
Quantas vezes, com o passar dos anos, ouvi alguém dizer que o Zagalo não entende nada de futebol! Desde a época em que Zagalo se escrevia apenas com um “ele”. Na Copa de 98 ele passou a grafar seu nome com dois “eles” – parece que uma numeróloga ou algo que o valha tinha recomendado, para trazer “energia positiva”
Claro que esse senhor nunca estudou física, se não saberia que energia é uma grandeza escalar, logo é expressa em módulo (número sem o sinal), ou seja, não existe energia positiva ou negativa.
Mas, como diria meu irmão, “não exége”!).
E o falecido Coutinho, de 78? E Parreira, Telê, Felipão e, agora o Dunga!

A lembrança mais antiga (e bota antiga nisso!) que tenho de Copa do Mundo é a do meu tio Ibrain (o querido Ibra!) escutando, pelo nosso rádio de mesa, marca pionner (daqueles grandões, bem antigos, que eu nunca soube que fim levou), alguma partida da Copa de 1962, no Chile.
Depois, lembro bem de escutar, com meu pai em sua olaria de “louças de barro”, os jogos da Copa de 1966, na Inglaterra.
Ó decepção! O Brasil foi eliminado logo na primeira fase, após perder de 3 a 1 para Portugal. Em um jogo onde quebraram o Pelé – na época não eram permitidas as substituições.
Bem que a gente poderia eliminar Portugal dessa Copa, no último jogo da primeira fase (como naquela ocasião). E, se possível, com um 3 a 1 e quebrando o Cristiano Ronaldo!
Meu Deus, que espírito vingativo, diriam algumas donzelas, inebriadas pelo sorriso do gajo!
Então veio a redenção, com a Copa de 1970, no México. A primeira mostrada ao vivo pela televisão. Para nós, ainda não era em cores – apenas em 1971 começou a geração em cores em nosso país. Mas, mesmo que fosse, em nossa casa não tínhamos nem TV em preto e branco, quanto mais colorida. Vi todos os jogos na casa de uma tia, que tinha uma brava telefunkem. Que entre chiados e chuviscos mostrava a perícia de Gerson, a inteligência de Tostão e a genialidade de Pelé.
Lembro de todos os jogos, de todos os gols – e dos “quase gols” de Pelé contra a Thecosalováquia, em um chute do meio campo que quase entrou na gaveta do goleiro Victor, e contra o Uruguai, em uma meia-lua que desnorteou o goleiro Mazurkiewkys.
“Campeões do Mundo”! “Trás outro caneco que esse já é nosso!”
As chamadas ufanísticas na mídia procuravam dissipar a situação de repressão em que o país vivia.
Depois, 1974. O Brasil de salto alto! De Zagalo e Paulo Cesar Caju. De Jairzinho, já vendido para o futebol francês – assim como o Caju. De Leão, um magnífico goleiro, cujas atuações eram, porém, inferiores ao seu ego.
Zagalo dizia que a Holanda era constituída por um grupo de peladeiros e que lembrava o time do Ameriquinha carioca. Deu no que deu.
Na seqüência: copa de 1978, na Argentina. Muitos dos grandes atletas do futebol mundial não compareceram, contrários ao regime ditatorial lá existente. O futebol não contou com o que seria a última copa de monstros sagrados, que ainda jogavam brilhantemente, como Franz Beckembauer, Cruiff e Van Hanegam.
Pelé estava lá, já com trinta e sete anos, mas como comentarista da Rede Globo. Nosso técnico (Cláudio Coutinho), não levou Falcão – possivelmente o melhor jogador brasileiro da época – o Falcão que hoje é comentarista de TV e que, depois, disputou as copas de 82 e 86. Não levou Marinho Chagas, nem Paulo Cesar Caju. Coincidentemente eram três grandes jogadores que tinham algo que incomodava demais às autoridades da época: falavam muito. E não somente sobre futebol. Falavam de coisas como política, direitos humanos, liberdade de expressão, etc.
Fomos “campeões morais”, chegando invictos ao terceiro lugar! Ahahaha!
O Peru “abriu as pernas” para a Argentina, lembram-se!?
De boa lembrança, o gol de Nelinho contra a Itália, onde a bola fez uma curva que contrariou todas as leis da física e que o goleiro Zoff (que depois foi campeão do mundo, em 82) até hoje não sabe por onde a bola passou.
Na época eu já era professor de Física do colégio Catarinense.
E eis que chega a melhor seleção brasileira que já vi jogar: 1982, na Espanha.
Um time que deliciou os torcedores do mundo inteiro. Entre um jogo e outro, os brasileiros assistiam a touradas, onde invariavelmente torciam para o touro, o que causou certa comoção entre os anfitriões espanhóis.
Cada vez que o toureiro aparecia, era saudado com o coro indefectível: biiiiiiicha! Biiiiiiiiicha! Biiiiiicha!
Mas, o grande time de Zico, Falcão, Júnior e Sócrates tinha um problema grave: não tinha técnico. Ora dirão alguns, não era o Telê? Sim, um Telê que muito mais que um time competitivo, queria mostrar suas idéias para o mundo. O que importava era provar que ele estava certo: um grande time não precisa de marcadores. Somente com craques geniais se vence! E por causa dessa empáfia, e da bobagem que fez o Toninho Cerezo no jogo contra a Itália, nossa seleção não tinha volantes e mesmo podendo jogar pelo empate, jogou o tempo todo no ataque e perdeu de 3 a 2.
Como chorei nesse dia!
E, em 1986, novamente no México, Telê tentou se redimir. Colocou em campo um monte de volantes: Elzo, Alemão et caterva.
Perdemos de novo, com um penalty do Zico durante o jogo, que o goleiro francês pegou.
Mas essa partida foi para a disputa de pênaltis, e muita gente se esqueceu disso. Nessa ocasião, Zico marcou. Mas Sócrates e o zagueiro Júlio Cesar erraram. E, pela França, o grande Michel Platini, hoje presidente da Federação Européia de Futebol, também errou.
E chegamos a 1990, na Itália. Nosso técnico era o Lazzaroni, que tinha como padrinho o Eurico Miranda, dirigente do Vasco. Somente isso já é motivo para se prever o fiasco.
Nosso camisa 10, aquela mesmo que já tinha sido de Pelé 58-62-66-70), de Rivellino (74-78) e de Zico (82-86), era vestida pelo Silas (o que foi técnico do Avaí).
Como diz o manezinho, “assimnãodá, néôcoisinha!”
Fomos desclassificados pela Argentina: gol do Caniggia.
No famoso jogo onde o Maradona, tempos depois, disse, rindo, que o massagista argentino tinha fornecido, durante a partida, “água batizada” para jogadores brasileiros. E citou que o Branco tomou e depois passou o restante do jogo feito um zumbi.
Em 1994, nos Estados Unidos, fomos campeões do mundo. Enfim o tetra. Com Parreira de técnico e Dunga de capitão, o que por si só mostra o baixo nível técnico da Copa. Que teve jogos em campo de grama artificial e muitos disputados sob o sol do meio dia, para agradar aos telespectadores europeus, que poderiam assisti-los ao vivo em um horário não ruim.
Fomos campeões em uma disputa de penaltys contra a Itália.
Nem vibrei muito nesse dia. Fiquei pensando: enquanto Zico, Falcão, Sócrates, Júnior, Leandro e outros jamais foram campeões mundiais, Paulo Sérgio, Viola e Ronaldão (o zagueiro) conseguiram esse título.
Tudo bem que em 94 tínhamos Romário, um grande artilheiro na plenitude de sua forma física.
Mas a vida continuou e chegamos a 1998, na França. Desta vez sem Romário, cortado de forma nunca suficientemente explicada. Afinal, se foi por contusão, como explicar que mesmo antes do primeiro jogo da seleção ele já estava jogando no Brasil?
Agora tínhamos Ronaldo, o Fenômeno, com 21 anos de juventude. Novamente com Dunga como capitão, chegamos à final. Dunga seria o primeiro capitão de uma seleção a levantar a taça de campeão em duas ocasiões.
So que os deuses do futebol foram cruéis, ou sábios, não sei.
E encontramos um “tal de Zidane” pela frente.
Três a zero prá França.
Depois falaram muito: das convulsões do Ronaldo, da participação da Nike para que o Brasil entregasse o jogo, etc.
Mas também falaram que o time foi mal montado, que havia apenas três atacantes no grupo: Bebeto, Ronaldo e Edmundo. Que o Zagallo (agora com dois eles) só convocou amiguinhos, etc.
Finda a copa, a vida continuou. E o próximo técnico da seleção foi o (Vanderlei) Luxemburgo.
A cada jogo da seleção os telespectadores ficavam horrorizados com a quantidade de palavrões que o “professor” soltava a beira do gramado, para “incentivar” seus atletas. E o Luxa se passou. Veio o Leão, que pouco rugiu. Então apareceu o Felipão. Fez um time com a cara dele: de vencedor.
E mesmo deixando de lado o Romário (que não quis participar da Copa América de 2001, quando a seleção foi muito mal e o Felipão quase perdeu o emprego), fomos campeões. Com a recuperação do machucado Ronaldo e atuação de gala de Rivaldo e Ronaldinho Gaúcho.
Depois, a volta ao passado: 2006, novamente na Alemanha e novamente com Parreira de técnico e Zagallo na comissão.
Foi uma baderna sem limites, com os atletas querendo apenas recordes pessoais e festas descomunais.
Cafu bateu o recorde de jogos em copas do mundo, Ronaldo, o recorde de gols em copas, etc. E Ronaldinho Gaúcho bateu todos os recordes de baladas.
A grande lembrança da copa é o Roberto Carlos amarrando a chuteira, vendo o francês Henri fazer o gol que mandou o Brasil mais cedo da prá casa.
E a Itália foi campeã, novamente com disputa de penaltys, no jogo onde o Zidane foi expulso ao dar uma cabeçada no italiano Matarazzi. Que havia falado algo relacionado com a irmã do craque francês.
E, agora, África do Sul’2010!
Com o Dunga de técnico e a seleção com Júlio Batista, Kleberson Michel Bastos e outros.
Deus do céu, para quem já viu o meio de campo da seleção com Clodoaldo Gerson e Rivellino ou Cerezo Falcão e Zico, ter de aguentar Felipe Melo Gilberto Silva e Elano, não é fácil!
Tendo deixado de fora Ronaldinho Gaúcho, Pato, Hernanes, Neimar e Ganso.
Os jogos estão tão instáveis que tudo pode acontecer. Inclusive, nada!
É esperar e torcer. Amanhã jogamos com a Costa do Marfim. Vamos torcer para que Kaká e Luiz Fabiano desencantem!
E nos encantem!
Vamos lá, Brasil!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Um comentário:

Matheus G. disse...

Grande comentário, Cebola.

Eu que acompanhei apenas de 1994 para agora, gostei de ler esse review de todas as copas, hehe.

Mas, apesar de todos os contras, valeu a pena o Dunga estar no comando e reviver aquele espírito de que para jogar na seleção tem que ter garra, tem que ter patriotismo e amor a camisa, coisa que em 2006, como bem lembrasse, estava extinto.

Chamou aqueles que renderam e o fizeram ser um dos técnicos brasileiros com melhor rendimento, ganhando tudo que disputou. Neymar e Ganso jamais tinham sido convocados, concordei em não levá-los, afinal como sabemos se dois "pirralhos" como eles renderiam numa Copa do mundo o que apenas renderam em 2 meses de um Campeonato Paulista?

Grande abraço!!