Consultando o site da Universidade Federal de Santa Catarina (http://www.coperve.ufsc.br.), observa-se algo que nos faz pensar: a política de ações afirmativas implantada no último vestibular, ou seja, a implantação de cotas, é algo justo?
Claro, historicamente, percebe-se que a quantidade de alunos negros em nossas universidades públicas é percentualmente menor do que a população negra.
Claro que o ensino público – para negros, brancos, amarelos, etc. – é defasado, culpa de uma política educacional criminosa, implantada desde sempre em nosso país.
Agora o governo vem com paliativos: cotas sociais e raciais e o pró-uni.
É a história do indivíduo que está parado em um semáforo e vê uma criança maltrapilha, mendigando. Uma cena triste e cruel, que fica impregnada na retina.
O que faz o governo para acabar com isso? Simplesmente tira o semáforo. Pronto, ninguém mais vai ver a criança ali.
É a política de cotas.
Qual a diferença entre o negro pobre e o branco pobre?
Analisando os resultados, é estarrecedor.
O último classificado em odontologia (pela cota racial) obteve apenas 29,71 pontos. De 96 possíveis!
Com esse resultado, se não existisse esta política, não seria aprovado em nenhum curso do vestibular Ufsc’2008.
Em Medicina, onde a primeira colocada geral obteve 91,68 pontos de 96 possíveis, o último classificado sem a política de cotas obteve 81,04 pontos. Nas cotas de oriundos da escola pública, o primeiro classificado obteve 80,87 pontos e o último, 70,35 pontos. E nas cotas raciais, o primeiro classificado obteve 63,90 pontos e o último, apenas 44,33 pontos.
Esse último classificado em Medicina, se não existisse a política de cotas, seria aprovado apenas nos cursos de Biblioteconomia, Letras (Alemão e Português), Licenciatura em Matemática, Pedagogia e Serviço Social.
E, para finalizar: tivemos, no ano passado (2007), um aluno que cursou todo o ensino fundamental em uma escola pública do norte da Ilha e as duas séries iniciais do ensino médio em uma escola pública do centro de Florianópolis. Como o aluno era muito bom, quando foi fazer a terceira série do ensino médio, a família conseguiu um desconto de 50% nas mensalidades e ele cursou uma escola particular. Os outros 50% foram pagos (absolutamente em dia) pela família – pai, irmão mais velho e padrinho. Este aluno, que não pode ser incluído na política de cotas - não cursou todo o ensino fundamental e médio em escolas públicas - obteve mais de 80 acertos no vestibular, mas não se classificou para Medicina, sua meta.
E um outro entrou com 44,33 pontos.
É justo??
Claro, historicamente, percebe-se que a quantidade de alunos negros em nossas universidades públicas é percentualmente menor do que a população negra.
Claro que o ensino público – para negros, brancos, amarelos, etc. – é defasado, culpa de uma política educacional criminosa, implantada desde sempre em nosso país.
Agora o governo vem com paliativos: cotas sociais e raciais e o pró-uni.
É a história do indivíduo que está parado em um semáforo e vê uma criança maltrapilha, mendigando. Uma cena triste e cruel, que fica impregnada na retina.
O que faz o governo para acabar com isso? Simplesmente tira o semáforo. Pronto, ninguém mais vai ver a criança ali.
É a política de cotas.
Qual a diferença entre o negro pobre e o branco pobre?
Analisando os resultados, é estarrecedor.
O último classificado em odontologia (pela cota racial) obteve apenas 29,71 pontos. De 96 possíveis!
Com esse resultado, se não existisse esta política, não seria aprovado em nenhum curso do vestibular Ufsc’2008.
Em Medicina, onde a primeira colocada geral obteve 91,68 pontos de 96 possíveis, o último classificado sem a política de cotas obteve 81,04 pontos. Nas cotas de oriundos da escola pública, o primeiro classificado obteve 80,87 pontos e o último, 70,35 pontos. E nas cotas raciais, o primeiro classificado obteve 63,90 pontos e o último, apenas 44,33 pontos.
Esse último classificado em Medicina, se não existisse a política de cotas, seria aprovado apenas nos cursos de Biblioteconomia, Letras (Alemão e Português), Licenciatura em Matemática, Pedagogia e Serviço Social.
E, para finalizar: tivemos, no ano passado (2007), um aluno que cursou todo o ensino fundamental em uma escola pública do norte da Ilha e as duas séries iniciais do ensino médio em uma escola pública do centro de Florianópolis. Como o aluno era muito bom, quando foi fazer a terceira série do ensino médio, a família conseguiu um desconto de 50% nas mensalidades e ele cursou uma escola particular. Os outros 50% foram pagos (absolutamente em dia) pela família – pai, irmão mais velho e padrinho. Este aluno, que não pode ser incluído na política de cotas - não cursou todo o ensino fundamental e médio em escolas públicas - obteve mais de 80 acertos no vestibular, mas não se classificou para Medicina, sua meta.
E um outro entrou com 44,33 pontos.
É justo??
7 comentários:
Falar de justiça, particularmente no meu caso, é irônico! Tentei medicina por 4 anos, infindáveis dias de estudo, cansaço, dedicação e não atingi meu objetivo. No vestibular de 2007 fiz pouco mais de 75 pts e não fui chamada. Desisti. Nesse último vestibular, tentei para o curso de direito-noturno, não havia feito cursinho e no entanto, atingi 69 pts e como não estou inclusa na política de cotas, não passei, pois o último colocado fez pouco mais de 72pts, enquanto o último classificado na política de cotas fez pouco mais de 38pts! A política de cotas é injusta! Querem consertar uma falha que está no ensino básico doando vagas para que os negros e os menos favorecidos se calem! Acordem!!!!!!!! Por favor, não deixem destruir o pouco do ensino público que nos restou!
Como tantas coisas no Brasil, até quando tentam fazer justiça social, nossos políticos fazem besteira! Naturalmente, é um direito de todos o acesso ao ensino superior, mas não se faz justiça transferindo direitos, segregando, principalmente do modo violento que acontece com as cotas. O mais cruel nesse sistema implantado é que ele nos tolhe o direito à fala, o direito ao protesto legítimo, o direito a uma vida igualitária. Ao permitir que pobres e negros cheguem ao ensino superior por via das cotas, o governo nos amordaça: como reivindicaremos um ensino público de qualidade para nossas crianças, se ao chegarem ao último ano, com um puxão enorme no tapete, algumas delas entrarão na faculdade pública? Ou, ainda, com o prouni poderão freqüentar um faculdade paga. Algumas de qualidade duvidosa, mas qual é o problema? Não queriam um diploma? Tomem! Pergunto: duas crianças criadas rigorosamente da mesma maneira, tendo recebido os mesmos estímulos a mesma alimentação, apresentarão resultados absurdamente diferentes apenas por uma ser branca e outra negra? Claro que não, etnia não afeta a inteligência, o que faz a diferença entre duas crianças é o modo como foram criadas! Quem de fato quiser o Brasil entre as grandes potências, não adotará as cotas; transformará o ensino público. E, como esse não é um processo que se concretiza do dia para a noite, por que não conceder bolsas em cursinhos pré-vestibulares para os melhores alunos, aqueles que desejam ser médicos, dentistas etc., até que o próprio cursinho se torne um diferencial e não uma necessidade? Enquanto houver cotas, o Brasil não deixará de ser um país de 2ª. Justiça se faz com educação de qualidade e respeito! E, pelos exemplos citados, as cotas não dão nem uma coisa, nem outra... Coitado de quem for tratar um canal com aquele aluno. Supondo que ele se forme...
A quem se quer enganar com as cotas
Armando José d’Acampora
Cirurgião
O governo federal resolve criar cotas para que estudantes consigam pertencer as mais diversas universidades do país.
Novamente, vê-se a tentativa da resolução de um problema básico, pela força da caneta, ou pela simples imposição de uma medida provisória.
Como o nome bem diz, provisória, pois o problema que deveria ser atacado é o ensino fundamental, tão importante que não se consegue votar ou ser votado (ser deputado, por exemplo) sem saber ler ou escrever (mesmo que tenha sido aluno do antigo Mobral), mas, pelo menos, tem-se que saber desenhar o nome.
Na antiga Grécia, berço de nossa civilização considerada moderna, o ensino era fundamental e obrigatório. Era a forma reconhecida de evolução do povo, era a politização, o exercício da cidadania. É ai que está o problema para os brasileiros. Povo educado é povo politizado, povo politizado exige de seus governantes posições sólidas, coerentes, sem qualquer aspecto que envolva favorecimento ou mesmo corrupção.
Ou será possível que algum país que sem possuir reservas de minérios e sem grande extensão territorial consiga influir no mundo inteiro, por tanto tempo, sem que seja pela cultura, pelo conhecimento, pela educação e pela distribuição racional da renda como fez a Grécia?
Será que os nossos políticos querem um povo politizado? Querem cidadãos? Não acredito.
Daí crer que os baixos salários para os professores do ensino fundamental (que deveriam ter os melhores salários dentre todos os professores), aqueles que são os responsáveis pela nossa chegada à universidade, são com certeza, propositais. Professores mal pagos, têm que trabalhar em maior número de turnos, conseqüentemente têm menor tempo para estudar o que acarreta menor quantidade de ensinamentos transmitidos aos alunos, caindo numa mesmice. Alunos que aprendem menos, serão menos politizados, chegarão em menor número na Universidade e em decorrência disso não exigirão tanto do poder público, pois nem sequer conseguem interpretar textos simples, quanto mais quais são seus direitos e deveres.
Fui alfabetizado por professoras que, eram simplesmente normalistas, aquelas que haviam apenas cursado o curso chamado de Normal (sem nenhum grau universitário), extremamente respeitadas pela sua correta postura e pelo conhecimento que transmitiam, numa época em que os alunos que não conseguiam atingir determinada média de conhecimento eram reprovados. O que vejo hoje é quase total ausência de postura dos professores, a escola tentando ser substituta da educação que deveria ser realizada em casa e a tal da promoção automática, onde o aluno com ou sem média evolui para a série subseqüente, como se o conhecimento fosse adquirido por decreto, por uma canetada como o governo federal insiste em fazer agora.
Platão era categórico quanto ao ensino da geometria e da aritmética, nesta seqüência como forma de aquisição de raciocínio e o restante viria como conseqüência deste desenvolvimento. Como fazer isto através de medida provisória, decreto ou lei? Impossível.
Ou se cria condição para um ensino fundamental sério, com professores com um salário digno, que possam sustentar sua família com seu próprio trabalho em um só local, e que tenham algum tempo livre para seus próprios estudos e atualizações ou teremos que brigar por cotas, que certamente não protegerão aqueles que aprenderam geometria e aritmética, mas alguns espertos que se condicionarão às condições exigidas para participarem das ditas cotas. E daí não adiantará fazer estatística da prova da OAB, pois uma parte dos que a realizaram, não foram reprovados por que a Escola era ruim, mas sim pela sua própria inabilidade em entender o que estava sendo perguntado, pois ainda não sabem nem ler nem escrever o português do nosso amado e rico Brasil.
18/7/2004
Publicado na Revista Arquivos Catarinenses de Medicina
35(1):3, 2006
Sou contra. Sou a favor de investimentos no ensino público fundamental que possibilite o aluno da rede pública concorrer com igualdade. O esforço individual deve ser considerado e o mérito ainda é uma importante alavanca para o crescimento da sociedade. As cotas acomodam as pessoas, são falhas, julgam pela cor da pele e alimentam o preconceito racial. Não me surpreenderia nada que futuramente teremos uma nova classificação social: Os profissionais das cotas. Você faria uma consulta médica em um médico que não tinha condições nem de prestar um vestibular?
Simone Espindola de Oliveira
Até mesmo um tolo e ignorante percebe as desigualdades sociais existentes no país em que vivemos. Dizer que brancos e negros são iguais perante a lei é significativo porém não é isso o que ocorre numa sociedade racista e capitalista.São vários os mitos sobre as cotas.Dizer que as cotas vão deixar a nossa sociedade racista chega a ser irônico pois o Brasil está longe de ser uma democracia social.Enquanto os ricos "estudam a vida inteira em escola particular" em ótimas instituições, os pobres estão a mercê de um ensino regular e fraco, será que situação é justa? Dizer que o verdadeiro problema é a péssima qualidade do ensino público no país é verdadeiro porém é um grande erro pensar:primeiro melhora a qualidade de educação básica e depois se democratiza a universidade, ambos os desafios são urgentes e precisam ser assumidos enfaticamente e de forma simultânea.As vagas não são "doadas" elas são conquistadas com esforço e dedicação.
Até mesmo um tolo e ignorante percebe as desigualdades sociais existentes no país em que vivemos. Dizer que brancos e negros são iguais perante a lei é significativo porém não é isso o que ocorre numa sociedade racista e capitalista.São vários os mitos sobre as cotas.Dizer que as cotas vão deixar a nossa sociedade racista chega a ser irônico pois o Brasil está longe de ser uma democracia social.Enquanto os ricos "estudam a vida inteira em escola particular" em ótimas instituições, os pobres estão a mercê de um ensino regular e fraco, será que situação é justa? Dizer que o verdadeiro problema é a péssima qualidade do ensino público no país é verdadeiro porém é um grande erro pensar:primeiro melhora a qualidade de educação básica e depois se democratiza a universidade, ambos os desafios são urgentes e precisam ser assumidos enfaticamente e de forma simultânea.As vagas não são "doadas" elas são conquistadas com esforço e dedicação.
cebola.... seguinte não falando em cotas... mas me responde uma coisa...
qual foi o ultimo colocado na furb contando as segundas e terceiras chamadas para medicina voce sabe esta informação...
Felipe Grillo
Postar um comentário